29 de março de 2024
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EDUCAÇÃO

Jovem da periferia de SP passa em 7 universidades internacionais

Jovem tem apenas 18 anos e escolheu uma universidade na Flórida (EUA) para cursar neurociência.

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Com apenas de 18 anos, Isabelly Moraes Veríssimo dos Santos luta para conquistar um grande sonho: cursar neurociência em uma universidade da Flórida, nos Estado Unidos. No momento, o que a separa da graduação tão desejada é justamente a questão financeira. A jovem moradora de uma comunidade de Vila São José, em Cubatão (SP), necessita de ajuda para conseguir comprovar que pode se manter por um ano fora do país.

Em entrevista ao G1, ela contou que passou a se candidatar para as faculdades internacionais no ano passado, ainda durante o ensino médio, no Instituto Federal de São Paulo, campus de Cubatão. Até então, sair do país não fazia parte dos seus planos. “Nunca tive o sonho de sair do país, sempre fui muito patriota, sempre gostei muito daqui. Sempre falei que tinha que valorizar as coisas daqui e a ciência”, explica.

No entanto, para conseguir seguir na área que escolheu, ela precisaria primeiro cursar medicina, fazer uma pós em neurologia e depois a especialização em neurociência, para depois atuar. Então, a aplicação para fora do país lhe pareceu mais atraente. O processo todo durou cerca de seis meses e a jovem se dedicou bastante para isso. Deixou de sair com os amigos aos fins de semana, estudava horas sem parar e usou o dinheiro do estágio para pagar a mentoria.

Ela se inscreveu para dez faculdades, na Austrália e nos Estados Unidos, e conseguiu aprovação em sete delas, sendo seis com bolsas de estudo por mérito estudantil. A universidade escolhida foi a Nova Southeastern University (NSU), na qual conseguiu uma bolsa de 16 mil dólares anuais para bancar os estudos mas, para ir, ela necessita de pouco mais de R$ 49 mil para pagar custos com moradia, comida e livros que usará durante o primeiro ano de graduação. Ela explica que, com a renda dos pais, não conseguiria pagar pelo tempo necessário para aumentar sua bolsa na faculdade.

“O dólar subiu muito e meus pais não teriam como pagar meus estudos lá. Os custos da moradia ficaram bem altos. O consulado pede para comprovar que você tem dinheiro para ficar um ano. É um pré-requisito deles para tirar o visto”, relata. Para isso, ela criou uma ‘vaquinha’ online. No site, em troca do dinheiro doado, ela pode oferecer recompensas para aqueles que a ajudarem, como mentoria e videoaulas. As aulas começariam em agosto, mas por causa da questão do coronavírus, ela tem mais tempo para conseguir o dinheiro necessário.

“Eu comecei a aplicar no ano passado para tentar trazer a ciência mais elaborada aqui no Brasil. A área da ciência já não tem muita voz no nosso país. A gente está percebendo isso agora com o cenário atual. Isso dificulta muito, ainda mais em uma área que está ainda em andamento, que não tem uma graduação aqui. Ir para lá, trazer essa formação e o conhecimento de fora, é essencial para para ter voz na ciência”, finaliza.