O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), 51, conseguiu se reeleger neste domingo (26) e vai permanecer no comando do Palácio das Esmeraldas pela quarta vez a partir de 1º de janeiro de 2015. Ele já governou o Estado de 1999 a 2002, de 2003 a 2006 e voltou ao governo em 2011, seu atual mandato.
O tucano confirmou o favoritismo das pesquisas eleitorais e venceu o veterano Iris Rezende (PMDB) no segundo turno. Perillo já havia terminado na frente na disputa no primeiro turno.
Esta foi a terceira vez que Perillo e Rezende se enfrentaram no segundo turno pelo governo goiano. Nas outras duas ocasiões, em 1998 e em 2010, o tucano também venceu a disputa.
O vice de Perillo é o mesmo de seu atual governo, Zé Eliton (PP), presidente estadual da sigla em Goiás. O grupo político do tucano governa o Estado há quatro mandatos consecutivos. Contando o atual, foram três mandatos de Perillo e um de Alcides Rodrigues (PP), que foi vice na chapa do tucano durante seus dois primeiros governos.
A coligação do governador conseguiu eleger 24 dos 41 deputados da Assembleia Legislativa de Goiás, o que garante maioria para aprovar projetos no próximo mandato. Em entrevista após a divulgação do resultado do primeiro turno, Perillo comemorou a formação de uma bancada estadual "muito expressiva".
Durante a campanha do segundo turno, Perillo recebeu apoio de políticos do PSDC, do PSC e do PSB, que haviam lançado candidatura própria ao governo goiano no primeiro turno. Uma das surpresas entre os apoios à reeleição do tucano foi o do empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, do PMDB, partido de Rezende.
Violência pauta campanha eleitoral
Assim como no primeiro turno, a campanha eleitoral em Goiás foi pautada em boa parte pelo debate sobre segurança pública e pelos casos de assassinatos em Goiânia. A capital do Estado passou por uma série de crimes nos últimos meses. Um acusado foi preso a 12 dias do segundo turno das eleições e o tema voltou às campanhas. O homem confessou ter matado pelo menos 39 pessoas, e a polícia ainda investiga o caso.
Perillo aproveitou a prisão para se fortalecer na disputa eleitoral. O governador promoveu um bate-papo virtual com internautas com a presença de pais das vítimas, do secretário de Segurança Pública do Estado, Joaquim Mesquita, e do delegado-geral da Polícia Civil, João Carlos Gorski. Na ocasião, Perillo negou que a ação tivesse sido eleitoreira.
"Nós não trabalhamos pensando em eleição. Agora, acho que tem a mão de Deus também nisso, porque sou pessoa de fé, trabalho com seriedade", disse Perillo. "Certamente foi da vontade de Deus que isso [a prisão] acontecesse agora, porque eu vivi nessa campanha uma série de acusações levianas, mentirosas, demagógicas", completou, referindo-se ao adversário Rezende.
A medida foi uma resposta às constantes críticas de Rezende no primeiro turno, quando não havia prisão de nenhum suspeito. O candidato do PMDB usou os crimes em sua propaganda de TV para criticar a política de segurança de Perillo e chegou a exibir depoimentos de parentes de vítimas emocionados.
Cachoeira
Outro tema que foi usado na campanha foi a suposta relação entre os candidatos e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Preso em 2012 pela Polícia Federal, acusado de chefiar um esquema de jogos ilegais e de corrupção de agentes públicos em Goiás, Cachoeira foi condenado a 39 anos de prisão e recorre da pena em liberdade.
O Congresso Nacional instalou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o envolvimento do contraventor com políticos, mas a comissão foi encerrada sem responsabilizar ninguém pelas alegações. Na época, Perillo foi citado por suspeita de ter vendido a Cachoeira uma casa por R$ 1,4 milhão. O tucano sempre negou ter ligações com o contraventor.
Dados socioeconômicos
Goiás tem cerca de de 6,5 milhões de habitantes, segundo estimativas da Pnad 2013 (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios). O Estado tem um PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 111,2 bilhões, de acordo com dados do IBGE de 2011.
O índice de mortalidade infantil é de 17,7 por mil nascidos vivos, segundo números de 2010 -- a média do Brasil é de 14,4 por mil. A taxa de analfabetismo em Goiás é de 7,3% (a média nacional é 8,7%).
A taxa de 44,3 homicídios por cem mil habitantes coloca o Estado na 4ª posição entre os mais violentos do Brasil, de acordo com o Mapa da Violência do Cebela (Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos).
Na enquete "Esperançômetro", do UOL, a maior parte dos internautas de Goiás afirmou esperar que a segurança pública do Estado melhore. Em segundo lugar, aparece o atendimento de saúde.
O UOL também perguntou aos internautas qual é o maior problema de Goiás. Na enquete "Avalie seu Estado", segurança pública, corrupção e saúde foram os mais votados.
Uol