19 de março de 2024
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INTERNACIONAL | VARIANTE DA COVI-19

Opas define "altamente preocupante" variante Delta que avança contra o mundo

A crescente disseminação da variante obriga os gestores a recuarem dos afrouxamentos de medidas; veja as cidades brasileiras mais afetdas e como se comporta a variante no mundo

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ORIGEM: Identificada pela primeira vez na Índia, em outubro de 2020.

DEFINIÇÃO: Uma das variantes do Sars-CoV-2. Pertencente à linhagem B.1.617.2 do vírus da covid-19. 

ONDE ESTÁ: Predominante em 25. A OMS já alerta que a variante será dominante em todo o planeta. 

SINTOMAS: São parecidos com os da gripe comum, como a coriza, mal-estar, dor de cabeça. Não é comum a perda de olfato e paladar.  

PROTEÇÃO: É preciso usar máscara, higienizar as mãos, manter o distanciamento social e tomar as duas doses da vacina.

A variante delta do coronavírus é "altamente preocupante", à medida que a mutação tem se espalhado para quase 20 países nas Américas, disseram autoridades da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) nesta quarta-feira (4.ago.21).

Autoridades de saúde estão de olho em outra variante chamada de "lambda", mas observam que a detecção irregular da variante em toda a região ainda não causou um impacto grande.

A crescente disseminação da variante Delta nos Estados Unidos, assim como na maior parte da América Latina e do Caribe, deve fazer com que os governos priorizem os esforços de prevenção à Covid-19, como o uso de máscaras e, especialmente, uma aceleração do ritmo de vacinação, de acordo com a diretora da Opas, Carissa Etienne.

"Isso é preocupante porque os casos parecem se espalhar mais facilmente com a variante delta e não podemos baixar a guarda", disse ela.

A Opas é o escritório nas Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), ligada às Nações Unidas.

Etienne acrescentou que até o momento apenas 18% das pessoas na América Latina e no Caribe foram totalmente vacinadas.

A chefe da Opas também destacou o crescimento de novos casos na Guatemala, Brasil e Cuba.

Mesmo que outras variantes como Alfa e Gamma sejam ainda mais comuns nas Américas, a variante Lambda foi recentemente detectada em países da América do Sul duramente atingidos pelo vírus, incluindo Argentina, Peru, Chile e Equador, de acordo com o gerente de incidentes da Opas, Sylvain Aldighieri.

"A Lambda é uma variante na qual estamos interessados e a Delta é uma variante que é altamente preocupante", disse.

"No momento, não temos evidências que nos permitam inferir um comportamento mais agressivo ou severo da variante Lambda, embora seja possível que ela tenha uma maior capacidade de transmissão", acrescentou.

BRASIL

O Brasil já soma ao menos 287 casos da variante Delta do novo coronavírus, apontam dados reunidos até a última terça-feira, 3, pelo Ministério da Saúde. Ao todo, a variante de preocupação resultou em 21 mortes no País, sendo 12 delas no Paraná. Enquanto o número de vítimas segue o mesmo do boletim divulgado pela pasta na última quinta-feira, 29, foram registrados 40 novos casos da Delta nos últimos cinco dias, demonstrando que a cepa está avançando nos Estados brasileiros.

O principal deles é o Rio de Janeiro, que, até o momento, registrou 101 ocorrências da variante Delta. O governo do Estado apontou nesta quarta-feira, 4, que 45% das amostras analisadas na capital fluminense obtiveram confirmação para a nova cepa. Já na Grande São Paulo, a variante corresponde a 23% dos casos sequenciados, ao passo que no Rio Grande do Sul a Delta foi identificada em 15% do total de amostras administradas.

Abaixo estão os Estados brasileiros que já registram casos da variante Delta:

  • Ceará, com quatro ocorrências;
  • Distrito Federal, com 54;
  • Goiás, com cinco;
  • Maranhão, com sete (sendo seis identificadas no navio que esteve no Estado);
  • Minas Gerais, com quatro;
  • Paraná, com 29;
  • Pernambuco, com três;
  • Rio de Janeiro, com 101;
  • Rio Grande do Sul, com 45;
  • Santa Catarina, com oito;
  • São Paulo, com 27.

As 21 mortes pela variante, por sua vez, foram registradas em cinco Estados: Maranhão (1), Paraná (12), Rio de Janeiro (4) e Distrito Federal (4). Segundo o Ministério da Saúde, os dados são atualizados a partir das notificações das secretárias estaduais de saúde e são dinâmicos. Desse modo, os números ainda podem sofrer alterações após investigação feita pelas gestões locais.

"A pasta tem reforçado a orientação para Estados e municípios, quanto ao sequenciamento genético, notificação imediata, rastreamento e isolamento dos casos e contatos, além de outras ações de prevenção", destaca. Os casos e pontos de contatos dos infectados, complementa, são monitorados pelas equipes de Vigilância Epidemiológica e Centro de Informações Estratégicas em Vigilância e Saúde (CIEVS) locais, conforme orientação do Guia Epidemiológico da COVID-19.

A pasta também ressalta que o avanço da vacinação é essencial para reduzir o caráter pandêmico da covid-19. No entanto, até o momento, pouco mais de 20% da população possui imunização contra a doença no País. Já aqueles que receberam ao menos uma dose correspondem a cerca de 49% das pessoas.

A Delta tem desacelerado planos de reabertura no Brasil e no exterior. De acordo com documento dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, essa variante pode ser tão contagiosa quanto a catapora. Estudos mostram ainda que a Delta é mais transmissível que as demais cepas, mas não necessariamente mais agressiva.

Cientistas ressaltam que a variante se espalhou em países onde boa parte da população já está vacinada. Já se sabe também que só a 1ª dose de um imunizante pode não ser suficiente para barrar a infecção, mas duas injeções têm eficácia contra a nova cepa nos casos das vacinas da AstraZeneca e da Pfizer, segundo estudos cujos resultados já foram publicados.

REAÇÃO 

Governadores enviaram uma carta ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em que pedem ações imediatas contra a disseminação da variante Delta do coronavírus, devido aos registros crescentes de casos no Brasil.

O texto solicita a Queiroga o envio de mais vacinas para a população do Rio de Janeiro

“Os governadores expressam preocupação com a eventual 3ª onda, resultando em aumento do número de óbitos e infectados no País, que teria o Rio de Janeiro como principal epicentro de disseminação da nova variante, a qual vem apresentando a característica de ser 100% mais contagiosa do que a cepa originária e 30% em relação à variante P1”, diz a carta, com base em alertas de especialistas em infectologia.

 

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