19 de abril de 2024
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Reflexos

Campo Grande na rota de integração latino-americana

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Após percorrer cerca de cinco mil quilômetros cruzando a Argentina, Chile e Paraguai, a expedição da Rota de Integração Latino-Americana (Rila) 2017 chegou ao fim na última sexta-feira (1º de setembro). O secretário municipal de Governo e Relações Institucionais, Antônio Cezar Lacerda Alves, retornou a Campo Grande trazendo na bagagem resultados positivos e aposta na conclusão desse trecho nos próximos três anos, o que refletirá significativamente no desenvolvimento econômico da Capital sul-mato-grossense.

Ele explica que os objetivos do corredor já estão todos praticamente traçados e que as obras avançaram bastante. “Acredito que agenda mais importante tenha sido no Paraguai, onde fomos recebidos pelo ministro de Obras Públicas e Comunicações, Econ. Ramón Jiménez Gaona, que nos deixou animados com as notícias de que o trecho de 278 km entre Carmelo Peralta (PY), na divisa com Porto Murtinho (BR) e Luma Plata (PY) já está em processo de licitação e o outro trecho, que vai até a divisa com a Argentina, será licitado logo em seguida”, disse.

Lacerda pondera que essa questão também é prioridade naquele país, o que garante a celeridade neste processo. “Para o Paraguai, a criação desse corredor é tão importante quanto para nós. Podemos já enxergar a conclusão desse corredor, principalmente porque os senadores Valdemir Moka e Simone Tebet participaram da agenda conosco em Assunção, na qual confirmaram que o recurso do convênio, entre o governo brasileiro e o governo paraguaio para a construção da ponte sobre o Rio Paraguai já estará no Orçamento de 2018”, relatou.

Com o lema, “Unindo povos, ligando oceanos”, a expedição percorreu milhares de quilômetros a fim de constatar a viabilidade comercial e logística da chamada rota bioceânica como corredor de exportação e importação de produtos entre Mato Grosso do Sul e os países asiáticos a partir dos portos do Oceano Pacífico.

O secretário, que acompanha desde o início da década de 90 as tratativas para criação de uma rota bioceânica incluindo o Brasil, afirma que esses corredores são de extrema importância para a economia de qualquer país. Ele explica que Campo Grande ocupa uma posição altamente estratégica na composição desse corredor. “Daí a importância de estarmos juntos, prefeitura, empresários e poder público participando diretamente desse momento dado a importância que isso tem pra nós”, pontuou.

Lacerda lembra do início da década de 90, quando já participava das tratativas para a criação de um corredor, que na época lidava com a rota pela Bolívia. “Eu sonhava com os benefícios dessa rota, pensando a nível de Brasil. Mas, agora que essa questão deixa de ser um sonho, percebo que, sobretudo, a criação dessa rota é de extrema importância para o Centro Oeste brasileiro, para Mato Grosso do sul, Mato Grosso, Goiás, para o próprio Distrito Federal, e que Campo Grande acaba sendo, de certo modo, a Capital do Centro Oeste para esse assunto do corredor bioceânico”, ressalta.

O secretário de Relações Institucionais, que participou da expedição acompanhado do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e de Ciência e Tecnologia, Luiz Fernando Buainain, cita o modelo de rotas bioceânicas dos Estados Unidos, que contribuiu para que o país se tornasse uma grande potência econômica.

“Não há dúvida, por exemplo, de que o grande sucesso econômico dos Estados Unidos deve-se ao fato de que ele é banhado por dois grandes oceanos: Pacífico, na costa oeste, e Atlântico, na costa leste; mas, com certeza, grande parte desse sucesso econômico só foi possível graças à ligação dos dois oceanos através das rotas: Tacoma – Norfolk, Oakland – Savannah e Long Beach – Miami. É isto que o Brasil está precisando. E, se houver vontade política, é possível construir até três corredores: Porto Alegre – Antofagasta (Chile); Paranaguá – Iquique (Chile); e Santos – Arica (Chile), ou, Ilo (Peru). Lembrando que os corredores deverão ser devidamente caracterizados como corredores de exportação-importação, com aduanas desburocratizadas; ou seja, com fácil desembaraço alfandegário”, finaliza Antônio Lacerda.