23 de abril de 2024
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CAMPO GRANDE | PQ RES. UNIÃO

PM tenta resolver briga de vizinhos e mata um dos envolvidos

Homem foi alvejado no meio da rua na tarde desta terça (23.nov) na Capital sul-mato-grossense

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Marcelo de Andrea Nahabedian, de 47 anos, morreu alvejado por dois agentes da Polícia Militar nesta terça-feira (23.nov.21) na Rua Paulo Hideo Katayama, no Bairro Parque Residencial União, em Campo Grande (MS).    

Segundo o registro de ocorrência, o Sub-tenente da PM Antônio Amaury Rolon, de 43 anos e o Soldado da PM Kelvis Martin Langalaite da Silva, de 24 anos, foram os autores dos disparos. Eles, porém, não foram à delegacia e não apresentaram as armas de onde partiram os disparos contra Marcelo.  

Conforme o registro, Marcelo era vizinho de Benedito Ferreira dos Anjos, de 76 anos. O idoso acionou a polícia às 14h40 dessa tarde alegando que o vizinho estaria exaltado e teria o ofendido com xingamentos de “velho safado e vagabundo”. O idoso também relatou que Marcelo teria arrancado parte de uma concertina de muro com uma enxada, muro esse que faz divisa com a casa do idoso. “Este ainda relatou que tal situação já ocorre há muitos anos em que o autor ameaça todos os vizinhos sempre armado de facas, barra de ferro, pedras”, diz o registro.   

Após saber disso, a equipe da PM alegou que foi até a casa de Marcelo e tentou uma conciliação para saber a versão dele. “Porém este recebeu a guarnição armado com várias facas, dizendo que ninguém entraria em sua residência - seus vagabundos”, disse o PM Juarez Carrilho de Arantes, de 47 anos, comunicante do fato. 

Diante da suposta reação de Marcelo, a equipe disse que acionou apoio e teriam solicitado instrumentos de menor potencial a vida, como a arma de choque: Taser. Apesar disso, não esta claro porque tal arma não foi usada na ação.  

O PM Arantes narrou que em determinado momento, Marcelo começou a arremessar vários objetos contra a viatura. “Entre eles, barras de ferro, pedaço de madeira, vindo a quebrar todos os vidros das janelas e porta de entrada da residência do mesmo. Por fim não contente, jogou produto inflamável em toda sala e ateou fogo nas cortinas das janelas e porta”, detalhou o PM. 

Em seguida, o PM disse que Marcelo pulou o muro de sua residência e adentrou ao quintal da casa do vizinho desafeto e depois seguiu invadindo outros quintais até sair na Rua Paulo Hideo Katayama, próximo a uma praça no Bairro. Em frente ao numeral 549, Marcelo teria sido avisado para soltar uma faca que empunhava e mais duas que estavam em sua cintura, mas o PM disse, que mesmo vendo os agentes armados, Marcelo partiu para cima da equipe, momento em que foi alvejado.

Marcelo teria sido atingido por tiros na região dos membros inferiores de seu corpo. A PM não detalhou em quais regiões foram. 

Após Marcelo ser alvejado no meio da rua, o PM disse que ele foi socorrido pela guarnição à Unidade de Pronto Atendimento do Leblon, mas acabou morrendo. Em registro não está clara a causa da morte.

O corpo do morador foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IMOL).

“Prestaram apoio a esta guarnição, a Viatura 10.3188 Comandada pelo Sgt PM Souza Júnior, Viatura 10.3187 Comandada pelo Sub Ten PM Amaury”, esclarece o registro. 

A PM disse que uma faca, um facão e um receituário foram apreendidos com a vítima. O número de objetos destoa da versão de que Marcelo estaria com 3 facas. 

“Ressalta-se que as armas utilizadas pelos militares não foram apresentadas e os mesmos não compareceram nesta Unidade Policial, e deverão ser ouvidos posteriormente na Unidade Policial responsável pelas investigações”, finalizou o texto do registro da 1ª Delegacia de Polícia do Cepol. 

Na Civil o caso foi registrado como ameaça, resistência, desobediência, desacato e homicídio decorrente de oposição a intervenção policial.

O MARCELO 

Marcelo era servidor concursado da Unidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) desde 2016. Ele atuava como técnico de Tecnologia da Informação. Ele era formado em Análise de Desenvolvimento de Sistemas pela universidade e desde 2016 cursava Mestrado em Ciência da Computação, também na UFMS.