28 de março de 2024
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A quem interessa suspender a eleição que irá escolher nova diretoria da ACP?

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Ontem à noite, o juiz Alexandre Corrêa Leite deferiu pedido de tutela de urgência e determinou a suspensão imediata da eleição da nova diretoria depois de receber denúncias de que  o atual presidente do sindicato, Geraldo Gonçalves, teria indicado duas pessoas para presidir a comissão eleitoral, favorecendo uma das chapas em detrimento das outras duas. A ACP entrou ontem mesmo com recurso, que ainda não foi julgado.

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Conforme trecho da decisão judicial foi denunciado:" ...o envio de correspondências à casa dos associados antes mesmo da inscrição das chapas, enquanto a chapa integrada pelo autor teve acesso à lista dias depois da inscrição. Tais fatos e circunstâncias são hábeis a formar uma convicção inicial acerca da probabilidade do direito do autor, tornando recomendável à concessão da tutela de urgência pretendida", conclui o juiz.

Mesmo com divulgação da decisão, o presidente da ACP Geraldo Gonçalves e a atual diretoria decidiram manter a eleição, que começou hoje pela manhã, mas há poucos minutos foi cancelada diante da notificação da decisão judicial. Segundo o presidente da comissão eleitoral, Alberto Luiz Romero, as urnas foram novamente lacradas e a comissão aguarda resposta ao recurso impetrado pelos advogados do sindicato.  “A decisão fala em suspensão da eleição. Ela não está cancelada. Nós esperamos que o recurso seja julgado o mais rápido possível para darmos continuidade ao processo”, afirma Alberto.

Dentro do prédio da ACP permanecerão apenas os membros da comissão eleitoral, e os professores e integrantes das chapas que disputa eleição devem ficar do lado de fora do prédio por questões de segurança, até porque muitos votos haviam sido computados. Hoje, a ACP possui 5.500 filiados e 4.500 votam. "Se eleição não for retomada hoje, ocorrerá apenas depois de 60 dias", explica o advogado da ACP Amilcar Silva Junior.

A escolha de nova diretoria da ACP pode interferir de forma radical na continuidade ou não da greve dos professores, que já dura 11 dias, e também pode alterar os rumos da trajetória até então fracassada de negociações do prefeito Gilmar Olarte (PP) com a categoria. A decisão judicial pode ter vindo a calhar para atender a interesses dos envolvidos, e quem sabe favorecer até o prefeito. Fato é que com os professores preocupados em resolver esta questão, a greve perde parte de sua força e também da atenção que tem recebido da imprensa em geral.

O próprio Olarte deixou claro em conversa com uma professora no última sábado, em que foi gravado sem saber, que iria esperar o resultado da eleição da nova diretoria da ACP para chamar ou não os professores novamente para conversa e anunciar que faria pagamento atrasado. No entanto, com a atual diretoria à frente do sindicato, Olarte talve não tenha tanta chance de negociar, ainda mais depois de ter acusado Geraldo Gonçalves de armar esquema junto com vereadores para prejudicá-lo politicamente incitando a greve.

Resta saber a quem interessa a mudança dos membros da diretoria da ACP, até porque, é sabido que Geraldo e os membros de sua chapa são favoritos em especial depois da postura que têm tido perante o prefeito e sua inflexibilidade na negociação.

Heloísa Lazarini e Leide Laura Meneses