19 de abril de 2024
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Delcídio conversa com todos e perde paciência com "patrulha"

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Ao contrário do que chegou a ser ventilado em alguns órgãos de imprensa, o senador Delcidio Amaral, pré-candidato do PT ao governo de Mato Grosso do Sul, não excluiu nenhum partido ou força política de  conversas preparatórias na construção da sua base de apoio para a campanha.  Do PMDB ao PSDB, passando por outras legendas como o PSD, PV e Pros, entre outros, o senador está à vontade para abrir canais de entendimento, mas só vai fechar questão, como ele mesmo acentua, "na hora certa" e dentro do ritual estatutário e político do PT. Delcidio (2) Porém, Delcidio anda bastante incomodado com a postura e as cobranças de alguns correligionários que podem engessá-lo e limitar seu campo de articulações. São "companheiros" que, mesmo por boa fé ou excesso de zelo, querem carimbar  os passos do pré-candidato favorito das pesquisas e represar sua agenda em uma leitura de catecismo ideológico incompatível com o PT do século XXI. Incontido, o queixume do sempre comedido e sereno senador foi revelado em um comentário lacônico, pouco enigmático, mas decifrável para quem acompanha o dia-a-dia de sua pré-candidatura. Delcídio postou em sua página do Facebook, na Internet, este desabafo: "Conversar, pode!!!! Decidir, não pode!!!! Tenha Santa Paciência! Passa mais tarde!!!! Deixa eu vazar!!!! Até amanhã pra TODOS"! A palavra "todos" com letras maiúsculas não saiu ao acaso. O verbete não só indica o conceito do mandato congressual cujo mote é "senador de todos", mas remete também ao universo de entendimentos que Delcídio procura edificar na caminhada até o período de convenções e de definição de táticas, estratégia, coligações e chapas. "Todos", nesta ciranda de diálogos, significa, sim, conversas que rolam com o PSDB do deputado federal Reinaldo Azambuja e PMDB do governador do Estado André Puccinelli. Para boa parte dos estrategistas do PT, uma aliança com os tucanos representaria no olhar exclusivamente local a melhor solução política do momento. Significaria, a grosso modo, juntar fome e vontade de comer. Azambuja e a militância petista, a despeito das diferenças ideológicas e do inconciliável ranço nacional, alimentam o desejo comum de provocar mais uma derrota ao PMDB e a Puccinelli, ampliando a façanha obtida em 2012 com a eleição de Alcides Bernal em Campo Grande. Mas não é para este horizonte estreito que se alonga o olhar de Delcídio Amaral. Ele sabe que o PMDB, aliado maior e decisivo de Dilma Rousseff, vem a ser um item fundamental para o sucesso de seu governo, caso ele vença as eleições e a presidenta se reeleja. No plano estadual, são boas as relações entre ele e André Puccinelli, inclusive com históricos de ajustes pré-alinhavados para projetos futuros. O PT e os petistas hoje dependem de Delcídio para reaver o poder. Dependem também do suporte do governo Dilma para o êxito da administração. Em suma, dependem de suas próprias leituras e ações para frustrar a torcida daqueles que já acham que o PT sul-mato-grossense só perde para si próprio. Edson Moraes, especial para MS Notícias