28 de março de 2024
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Afastamento de Olarte vira ‘cortina de fumaça’ e Câmara esquece cassação de Mario Cesar

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Flagrado em conversas telefônicas que indicam estratégia de golpe na cassação do prefeito Alcides Bernal (PP) e a consequente posse de Gilmar Olarte (PP por liminar), agora réu em processo por crime de Corrupção e Lavagem de Dinheiro, o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Mario Cesar (PMDB) tem sido poupado, no melhor estilo “vereador gosta de vereador”, e pouco se tem falado sobre o pedido feito em 30 de julho pelo Corregedor-Geral do Ministério Público, Mauri Valentim Riciotti, ao Promotor de Justiça e Supervisor das Promotorias de Justiça Especializadas, Paulo Henrique Camargo Iunes, para a instauração de Procedimento Administrativo para apurar “ato incompatível com o decoro parlamentar” contra Mario Cesar.

Mario Cesar, quando questionado pelos jornalistas em 4 de agosto, disse que “uma conversa isolada não pode comprometer tudo o que aconteceu desde 2012, e que o processo de cassação do prefeito eleito Alcides Bernal. Mas as contradições são evidentes e ainda não foram esclarecidas.

Em 21 de maio, o MS Notícias em conversa com presidente da Casa, a respeito das  denúncias da suposta “compra de votos” para cassar Bernal, Mario negou conhecer João Amorim ou João Baird, e contesta conversas entre vereadores e secretário de governo de Olarte discutindo divisão de secretarias, dias antes e também após a cassação.

“Conheço ele (João Amorim) como todo mundo conhece”, disse, e sobre a possível compra de votos e a relação entre vereadores e os empresários João Baird e João Amorim, respondeu que “Não tem relação de vereadores com nenhum empresário”.

Escutas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal, com autorização judicial, no entanto, mostram diversas conversas, em dias diferentes, entre Amorim e Mário César, quando, inclusive marcaram encontro para “pegar cafezinho”.

No diálogo do dia nove de março, três dias antes da cassação de Bernal, Amorim e Mário marcam encontro. Em outro áudio gravado pela PF no dia anterior (8 de março), Mário fala a Amorim sobre uma "(….) excelente conversa". Em seguida, Amorim responde: "(….) então temos que pegar outro cafezinho, hoje né ". Cafezinho, conforme traz relatório da PF seria um código usado por Amorim e pessoas ligadas a ele para identificar “dinheiro.”

Justiça tarda

O vereador Flávio César, afirmou no dia 11 de agosto que até aquela data não havia sido oficializado sobre o pedido de afastamento. “Ficamos sabendo por meio da matéria postada pelo MS Notícias. Nada nos foi enviado oficialmente e, portanto, não temos acesso ao objeto da ação”, declarou Flávio.

O trâmite, segundo Flávio, após o ofício do Corregedor-Geral do Ministério Público, Mauri Valentim Riciotti, é que seja definida a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público para que instaure um Procedimento Administrativo e encaminhe expediente à vice-presidência da Câmara para que dê curso ao processo.

?Mauri Riciotti pediu a instauração de um Procedimento Administrativo e encaminhamento de expediente ao vice-presidente da Mesa Diretora da Câmara, Flávio César (PTdoB) para que este, no impedimento do presidente, instaure “a necessária Comissão Processante” e, se decidido pela maioria do plenário, Mario Cesar seja penalizado com a perda de mandato.

O presidente da Câmara, sempre defendeu que os vereadores procurassem criticar menos e auxiliar Gilmar Olarte na governabilidade da Capital, nomeada de “Ação Propositiva”, ainda que não fizesse esforços para que a casa aprovasse requerimentos que solicitassem informações sobre as ações do executivo municipal. A falta de ação do legislativo tem apresentado reflexos imediatos e negativos para a imagem dos vereadores, conforme comprovam pesquisas encomendadas por partidos políticos e enquetes divulgadas.

Relembre um dos diálogos:

13 de Março de 2014 - data da sessão de julgamento do mandato de Alcides Bernal.

Mario: Vai dar tudo certo, viu? Mas vamos ter que conversar. Teus amigos pediram mais cafezinho esta noite, que só Jesus na causa.

Amorim: É Mario, na segunda nós precisamos falar de qualquer jeito e temos que fazer as coisas andar né?

Mario: Beleza

Amorim: Ai eu preciso sentar com você e tomar um cafezinho sozinho e depois sentar e com esse povo né?

Mario: Perfeito

Amorim: Ta bom

Mario: Tá ótimo

Segundo investigações, a organização chefiada pelo empreiteiro João Amorim, dono da Proteco Construções, quando convocava reuniões para acertos de propinas, recorria a expressões como “vem tomar um cafezinho comigo”, segundo a Polícia Federal.

Veja o documento da Corregedoria Geral :