O prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes (PSDB), continua colaborando, mesmo indiretamente, com a coleção de traquinagens familiares que marcam sua passagem pela administração municipal. Quando não é um fato que ele próprio protagoniza – como na nomeação da esposa ou na contratação da empresa de um irmão -, são os familiares que dão a ele a contribuição a esses capítulos tão vexatórios para a cidade.
Desta vez o absurdo foi encontrado no conteúdo da listagem do governo federal contendo os nomes de pessoas atendidas com o auxílio emergencial de R$ 600,00 que foi criado para socorrer os segmentos da sociedade mais prejudicados pela pandemia da Covid-19. Fazem parte deste segmento as pessoas que, em geral, perderam suas fontes de subsistência e não têm meios de gerar renda enquanto persiste a crise pandêmica.
Os corumbaenses, no entanto, conferiram a lista e estranharam a presença de nomes muito conhecidos na cidade e que, em princípio, não se enquadram nos critérios estabelecidos pelo governo para recebimento do benefício. Esses nomes, coincidência ou não, são de familiares do prefeito, os seus irmãos Ernani Aguilar Iunes e Josefina Aguilar Iunes, além da sogra e do cunhado, Ana Célia Balancieri e Anando André Balancieri.
Denunciados pela própria população, os familiares diretos de Iunes resolveram devolver o dinheiro. Cada devolução foi de R$ 1,2 mil, o que faz deduzir que já haviam sido pagos dois meses do auxílio. Marcelo Iunes foi enfático ao garantir que não houve má-fé e nem dolo, explicando que a irmã está desempregada e o irmão não tem um vínculo empregatício formal, fazendo parte, assim, do grupo de pessoas atendidas pelo auxílio emergencial.
Dinheiro devolvido, explicação dada e o prefeito corumbaense continua na mira dos questionamentos. Afinal, seus precedentes são implacáveis. Entre outras ações de favorecimento familiar com verba pública estão a contratação, sem processo licitatório, de uma empresa de seu irmão, José Batista Iunes, para a qual a prefeitura desembolsou R$ 982 mil – quase R$ 1 milhão; e a nomeação da mulher, do irmão e do cunhado para cargos de primeiro escalão. Os protestos da sociedade e as intervenções do Ministério Publico levaram o prefeito a revogar algumas dessas decisões.