24 de abril de 2024
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Ayache tem campo livre, mas PT não fecha questão por conta de aliados

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O empresário Sérgio Longen, presidente da Federação das Indústrias (Fiems), não aceitou o convite do PT ou simplesmente não sentiu-se à vontade para representar a chapa majoritária de um partido com o qual se bate em questões pontuais. Sem Longen, a lógica da atual conjuntura pré-sucessória em Mato Grosso do Sul praticamente põe Ricardo Ayache como dono da vaga da candidatura ao Senado na coligação liderada pelo petista Delcídio Amaral.

Praticamente, porém, é quase tudo. Não é tudo. E o “quase” não vigora de véspera, especialmente quando se está construindo, no caso de Delcídio e do PT, uma coligação aberta a todas as forças políticas do Estado, algo que nunca ocorrera com partidos de origem esquerdista em Mato Grosso do Sul. Assim, é lógico também deduzir, pelo perfil de Delcídio e pelas características da campanha que fará, que a “saída” de Longen não esvaziou o arco de opções do PT para a vaga do Senado.

PRÓS E CONTRAS - Ayache é do PT e já incorporou o apoio de parcela considerável da militância, que ou prefere chapa pura ou não via com bons olhos a presença de Longen como candidato ao Senado. Logo ele, o presidente da Fiems, que na ótica estreita de alguns bolsões petistas, caso eleito focaria sua atuação senatorial na tentativa de reduzir ou eliminar importantes conquistas trabalhistas contestadas pela entidade patronal. Mas muitos petistas que esgrimam com esse argumento faziam vistas grossas à escancarada corte ao tucano Reinaldo Azambuja, que nesse particular também se soma ao dirigente industrial. A mais-valia para os petistas era servir-se de um tucano para alcançar singelo custo-benefício: com Azambuja, seria mais fácil derrotar André Puccinelli, ungido como principal inimigo dessa fração petista.

Enquanto não acontecem as convenções e já com a sinalização de parceria por parte do PTB, partido de Longen, o PT e Delcídio sabem que mesmo com Ayache mais perto da chapa senatorial ainda será necessário buscar uma solução de maior apelo pluralista. Ao menos 10 partidos estão comprometidos com a candidatura de Delcídio. Dois deles são determinantes nesta campanha, pelo que representam política e eleitoralmente: o PDT e o PR. Se ao PR já está encaminhada a indicação do nome para vice do petista, o PDT seguramente vai reivindicar ou espera do PT uma simples manifestação sobre a possibilidade de figurar na chapa majoritária.

Prós e contras cercam todas as experiências efetivadas até agora pelo PT na busca de aliados e de nomes para compor as chapas. Contudo, a menos de quatro semanas do prazo fatal das convenções, o tempo se afirma como senhor da razão e impõe ao PT a obrigação de não errar nesse complexo mister que é montar uma composição forte, competitiva e politicamente ajustada aos desafios de uma campanha que não será tão fácil quanto chegou a parecer um dia.

Edson Moraes, especial para MS Notícias