29 de março de 2024
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Com Sérgio Murilo, seleção reinaldista tem outro reforço de peso

Riedel assume a Infraestrutura e o governador refina o elenco para avançar em seu último biênio

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Engana-se quem imagina que o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) tenha sido pressionado pelas circunstâncias a designar o empresário Sérgio Murilo, presidente estadual do Podemos e do tradicional Rádio Clube de Campo Grande, para a  Secretaria de Governo e Gestão Estratégica (Segov).  

Azambuja precisava dar solução definitiva e inteligente para duas mexidas que serão determinantes nos seus projetos governamentais e político-eleitorais: a escolha dos novos titulares da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e Segov. Para a primeira, que é a pedra de toque na execução do mais audacioso plano de investimentos em seus oito anos de governo

Tirar Eduardo Riedel da Segov, a central de inteligência que formula e monitora o planejamento e a execução do vitorioso processo de governança, implica complexa responsabilidade: encontrar substituto à altura do quase insubstituível Riedel. Logo que Murilo Zauith pediu exoneração da Pasta para recolher-se unicamente ao papel de vice-governador, alguns nomes foram submetidos à apreciação de Azambuja. Um deles, o do ex-secretário Marcelo Migliolli, chegou a ficar na ponta da caneta.

Azambuja recuou na "opção Miglioli" ao sentir que cometeria um erro anunciado por aliados. O ex-titular da Seinfra é mal visto dentro e fora das hostes governamentais e tucanas. Carregar pechas depreciativas, entre elas as de traidor, ingrato e oportunista, algo que poria em risco a solidez política e gerencial. Além disso, com o nome de Riedel instalado como pré-candidato à sucessão, seria um gol contra deixar de dar aos seus cuidados a Pasta mais forte financeira e politicamente neste período de 2021-2022, último biênio dos oito anos do mandato de Azambuja.

Riedel se capacitou, com acumulados méritos na estratégia de gestão e de política, pensando e acompanhando a execução do que se planeja e gerenciando os inevitáveis conflitos que saem da periferia político-administrativa e caem no colo do governo, mas não no colo do governador, graças ao alcance funcional e pessoal da secretaria e do secretário.

TÉCNICO E POLÍTICO

Decidido a investir Riedel na Seinfra por razões técnicas, Azambuja viu ainda a razão política que fechou o arco de motivações para nomear Sérgio Murilo. Na Seinfra, Riedel vai comandar obras em todo Estado e capitanear investimentos que passam dos R$ 6 bilhões. A Pasta o colocará mais próximo dos prefeitos e das lideranças municipais. Com esta vitrine de expressiva visibilidade eleitoral, o secretário terá a sua candidatura política e partidariamente viabilizada.

Em tese, restaria uma única situação capaz de constranger ou borrar a pintura desse  desenho, já que a deputada federal Rose Modesto declara-se no legítimo direito de reivindicar a indicação do PSDB para ser a candidata à sucessão.

Porém, Azambuja enxerga longe. Viu que a correligionária tem dois cenários concretos para vitaminar seu futuro eleitoral. Um é a sucessão municipal de 2024, quando poderá disputar a prefeitura em melhor condição que em 2016, quando ainda chegou ao segundo turno. Outro, é a liderança absoluta dentro de um partido sob seu controle, o Podemos, ao qual indicou para presidente estadual ninguém menos que seu fiel amigo, aliado e coordenador financeiro de campanha, Sérgio Murilo.

PERTURBAÇÕES

Com isso, pode-se afirmar que Reinaldo Azambuja, ao resolver problemas cruzados e simultâneos, matou vários coelhos com uma só cajadada. Mas as perturbações não têm fim e nem data para começar. Uma delas já está no ar. São as denúncias sobre o contrato de R$ 54 milhões feito entre a Sanesul e a Enter Home, para fazer leitura informatizada de hidrômetros em 68 municípios.

A Enter Home é de Sérgio Murilo e o contrato foi efetivado quando a empresa ainda estava em seu nome. Depois ele a transferiu para dois filhos e um cunhado. Não há, em princípio, nada de ilegal no processo licitatório e a operação obedeceu a todos os trâmites exigidos por lei.

Sérgio Murilo dirige o Podemos-MS, legenda que obteve resultados animadores no Estado. Em Campo Grande, fez três vereadores e teve um convincente desempenho eleitoral com sua candidata a prefeita, Sidnéia Tobias. No caso do Rádio Clube, uma disputa ganha no voto, Sérgio Murilo resgatou a saudosa expectativa dos associados que querem reviver os tempos áureos, mas agora, por conta da investidura pública, a direção do RC ficará com o vice-presidente, Ronaldo Gaeta.