25 de abril de 2024
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Corumbá

Desconfortável, pré-candidatura de Ruiter perde intensidade

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O que parecia ser um céu de brigadeiro para a candidatura do ex-prefeito Ruiter Cunha já aponta para um voo em nuvens cinzentas. Ao trocar o PT pelo PSDB para livrar-se da concorrência do prefeito Paulo Duarte, pré-candidato à reeleição, Ruiter imaginou encontrar no ninho tucano e no aconchego político do governador Reinaldo Azambuja todas as exigências para firmar-se como opção exclusiva do projeto político-eleitoral governista para Corumbá.

No entanto, mesmo satisfeito com o concurso de uma liderança local do quilate de Ruiter, a direção do PSDB e o próprio Azambuja não poderiam permitir que a extensão e a exclusividade dessa pré-candidatura inibissem a aproximação com outras forças, dificultando a ampliação da base de sustentação política e administrativa do governo.

Não falta apoio dos tucanos estaduais a Ruiter. Mas não do tamanho que ele imaginou. E os corumbaenses começam a perceber e a questionar até que ponto a força eleitoral do ex-prefeito conseguirá resistir à pressão das demandas que atropelam o processo de afirmação política e eleitoral de uma candidatura majoritária.

Por confiança de Azambuja em seu talento e sua liderança, Ruiter foi designado para ser uma espécie de representante informal do governo na região. Porém, trata-se apenas de uma investidura política, quase simbólica, sem estrutura operacional, nem logística e nem mobilidade para responder efetivamente às intervenções reclamadas pela sociedade. Com isso, a capilaridade política e popular é prejudicada, à medida que a população passa a constatar que o projeto de retornar à Prefeitura não possui bases políticas firmes e consolidadas.

Além disso, as mudanças propiciadas pela “janela” do troca-troca de siglas conspiraram contra o ex-prefeito corumbaense. Ele se viu forçado a deixar o PT, não só pelos desgastes da legenda, mas pela impossibilidade de tirar de Paulo Duarte a indicação para a disputa. Logo depois de migrar para o PSDB Ruiter viu o prefeito desfiliar-se do PT e assinar a ficha do PDT. A decisão de Paulo Duarte provocou um impacto fulminante no cenário político do município e deve pesar na balança de apoios dos concorrentes à prefeitura, já que o PDT está ancorado no bloco que fornece apoio político e administrativo ao governo de Reinaldo Azambuja.

A tendência, no panorama que se delineia, é de tucanos e trabalhistas construírem chapas coligadas na disputa sucessória de grande parte dos municípios sul-mato-grossenses, notadamente nos maiores colégios eleitorais. Dessa forma o governo estadual e o PSDB alimentariam a via estratégica e a necessidade legítima de, quando possível, contar com mais de uma parceria nas chapas que concorrerão ao pleito majoritário deste ano. As candidaturas que assumiram política ou partidariamente compromissos de fidelidade com Azambuja e o PSDB não poderão reclamar disso. Afinal, a parceria pela governabilidade não se faz em mão única.