29 de março de 2024
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Governadores querem fortalecer infraestrutura criando corredores rodoviários

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A iniciativa de buscar recursos federais para dotar de infraestrutura trechos de rodovias e formar novos corredores rodoviários entre os estados que fazem parte do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul) foi pauta da reunião da entidade  realizada na manhã desta segunda-feira (31), em Curitiba (PR). Um desses trechos envolve a BR-163, a partir de Mato Grosso do Sul, a BR-487 – que liga Juti a Ponta Grossa (PR) – a BR-156 e, novamente, a 163, até a fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina.

Na reunião foi definida a elaboração de um ‘caderno de ações’ para que os Estados apontem os corredores prioritários. O encontro teve participação do secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica (Segov), Eduardo Riedel, representando o governador Reinaldo Azambuja, e dos governadores do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori; do Paraná, Beto Richa e de Santa Catarina, João Raimundo Colombo, além do presidente da Zona de Integração do Centro-Oeste da América do Sul (Zicosur), o intendente de Antofogasta, Valentin Volta Valência.

A rota fazendo uma perpendicular entre as duas BRs que cortam o país (163 e 158) prevê a passagem pela região das grandes cooperativas paranaenses. Mato Grosso do Sul tem interesse específico nessa logística. No ano passado, dois terços da soja exportada do Estado saiu pelos portos de Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC).

Além desse traçado, o Estado também propõe a interação com os trajetos que formam a bioceânica. Riedel considera que a rota ligando os oceanos também pode ser considerada no projeto dos corredores prioritários para o Codesul. “A rota que envolve Paraguai, Argentina e Chile, via por Porto Murtinho, demonstra cada vez mais viabilidade e eleva a importância geopolítica de Mato Grosso do Sul na construção de alternativas para buscar novos mercados e tornar a produção não só do Estado, mas dos vizinhos, mais competitiva”, avaliou.

O Codesul também deliberou solicitação de recursos para a construção de uma nova fábrica de reagentes para diagnóstico de doenças da pecuária como a brucelose e a tuberculose bovina. Atualmente, apenas o Instituto Tecnológico do Paraná produz 95% da demanda nacional do reagente. Com a necessidade de adequação da planta industrial, os estados protocolaram o pedido ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a liberação de R$ 35 milhões para que a indústria atenda aos requisitos sanitários de biossegurança.

“A agenda do Codesul contempla itens de relevância para o Estado. Mato Grosso do Sul tem base econômica agropecuária mas vive um forte processo de industrialização. Temos uma carteira de R$ 38 bilhões de investimentos em diversos segmentos nos últimos anos, com forte participação das cooperativas do Paraná”, ressaltou o secretário durante a reunião.

Além das deliberações da pauta, o encontro foi marcado pela avaliação do momento político e econômico brasileiro. Richa ressaltou a força da união dos quatro estados diante da União e a atenção em relação às “pautas bomba”. “Aumentam nossas despesas sem nos consultar se temos capacidade de arcar”, disparou. “Cobram gestão mais eficiente, mas não nos dão os instrumentos para caminhar nessa direção”, disse Raimundo Colombo.

Presidente do Codesul, Beto Richa definiu o resultado das urnas no segundo turno – em Curitiba o número de votos brancos, nulos e abstenções foi maior do que o obtido pelo segundo colocado – como um recado para a necessidade de mudanças. “Precisamos de uma reforma política para por fim aos interesses escusos da proliferação de partidos. (…) Talvez precisemos chegar ao àpice da crise para que as coisas possam mudar”, avaliou.

Avaliando o Rio Grande do Sul como um dos estados em maior dificuldade no momento – o estado paga hoje apenas R$ 450 reais para cada servidor – Ivo Sartori disse que as urnas traduzem a insatisfação do eleitor. “Precisamos reconstruir a vida pública nacional. A política se caracteriza muito pelo individualismo, por pretensões pessoais e não pela coletividade”.

Na reunião, os governadores assinaram um termo de cooperação entre Codesul e Zicosur para criar uma comissão conjunta de infraestrutura e parceria com o BRDE para financiamento de tecnologias para dotar os estados de tecnologias Building Information Modeling (BIM). O BIM é uma ferramenta que permite a elaboração de projetos em 3D, abrindo novas possibilidades para o aproveitamento de espaços urbanos. Assinaram ainda um ofício destinado ao ministro da Integração Nacional, Helder Zahluth Barbalho, pedindo a integração do sistema de defesa civil dos estados. A próxima reunião do Codesul será realizada em fevereiro de 2017, durante o Show Rural Coopavel.

Codesul – Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul é formado entre os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul e tem objetivo de buscar alternativas para os desequilíbrios regionais e questões comuns aos estados-membros, em especial aquelas relativas ao desenvolvimento econômico e social e à integração ao Mercosul.