20 de abril de 2024
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GOVERNO FEDERAL

Governo ameaça manifestantes antifascismo e teme pró-impeachment

O general Hamilton Mourão desistiu de bancar o moderado. Chamou manifestantes contrários ao governo de 'delinquentes'

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EDITORIAL - O governo federal endureceu o discurso, nesta 4ª-feira (3.junho) pela manhã, em artigo, o vice-presidente Hamilton Mourão chamou as pessoas que saíram em protesto pela democracia de baderneiros, classificou suas ações como abuso e afirmou que pretendem ensanguentar as ruas do país. O presidente Jair Bolsonaro apertou ainda mais na retórica. “São marginais”, ele disse, “terroristas.” O temor do Planalto é de que a onda de protestos contra o governo ganhe corpo e se torne um movimento pelo impeachment. Em São Paulo, a PM tenta organizar para que os protestos pró e contra governo ocorram em dias separados. Além das torcidas organizadas, neste domingo deverão ir para a rua também movimentos sociais, centrais sindicais e partidos de esquerda.

Mourão que estava calado até pouco, se fazendo moderado em suas falas partiu para o ataque e classificou o movimento contra governo ‘delinquentes’, atacou a imprensa e aderiu à campanha contra o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Numa acusação sem provas, ligou os ativistas pró-democracia ao ‘extremismo internacional’. Em seguida, incentivou o aumento da repressão. ‘Baderneiros são caso de polícia, não de política.’ O general nunca usou esses termos para condenar as marchas que pedem golpe militar e outras ilegalidades que agradam à caserna. No fim do artigo, Mourão escreveu que o Brasil, governado pela extrema direita, estaria livre de ‘administrações tomadas por ideologia’.  No entanto, nunca ouve, mesmo com agressões contra enfermeiros, repórteres, classificação dos “da direita”, como também “terroristas”, se assim querem classificar um lado, não deveriam então ser imparciais, ao avaliar a atitude dos seus?

Fato é que Bolsonaro quer articular uma intervenção militar se baseando em artigo constitucional, distorcendo, segundo o próprio procurador da república Augusto Aras. “Não está previsto intervenção militar na Constituição”.

Para ex-ministro Ciro Gomes (PDT) o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de estar formando ‘milícias’ dentro de quartéis de polícias militares de todo o Brasil para inflar manifestações anti-democracia nas ruas.

O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo do presidente Jair Bolsonaro, é uma das mais importantes vítimas das fake News espalhadas pela extrema-direita. Ele teve diálogos de WhatsApp fraudados para indispô-lo com o presidente. Santos Cruz defende a investigação e punição dos criminosos. O general afirma ainda que o Exército não tomará decisão fora da lei, como pretende quem quer fechar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. Apela para a pacificação do País e se diz contrariado com a aproximação do governo com o Centrão.

Em menos de um ano e meio, o presidente e seus aliados ameaçaram chamar as Forças Armadas ao menos sete vezes para reprimir opositores e intimidar críticos do governo. O assunto voltou nas últimas semanas, quando Eduardo propôs acionar as Forças Armadas para pôr ‘um pano quente’ nos embates entre o Planalto e o STF — a favor do governo, é claro. Foi seguido pelo pai, que divulgou um vídeo que defendia essa hipótese, um dia depois. O presidente continua à procura de conflitos. Nesta quarta, citou o uso da força para reprimir protestos e chamou de terroristas os manifestantes que foram às ruas. Foi o mesmo termo que ele empregou no ano passado, quando apresentou a proposta que protegeria militares durante operações dessa natureza. 

O ministro Luís Roberto Barroso agendou para o dia 9 próximo o julgamento, no TSE, de duas ações que podem levar à cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. No dia seguinte, o STF decide sobre a constitucionalidade do inquérito que move sobre fake news.

Internamente, os ministros estão buscando um acordo entre si para sanar vícios e reduzir questionamentos jurídicos a respeito do inquérito. O relator, Alexandre de Moraes, deve se abster de voto.

*Com Meio.