Sem recursos, com o programa de reforma agrária suspenso pela Justiça, e cansado de ocupar um cargo inoperante, o advogado Celso Cestari entregou sua carta de demissão do cargo de superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na manhã de hoje, à presidente regional do órgão, Maria Lúcia de Oliveira Falcón.
Cestari havia sido indicado pelo movimento sindical de Mato Grosso do Sul, conforme informou à época Geraldo Teixeira de Almeida, presidente da Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Mato Grosso do Sul). “Nós da Fetagri, juntamente com representantes da CUT e do MST, elaboramos um documento que foi encaminhado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, que é responsável pelo instituto no País, pedindo providências urgentes para resolver o problema que vínhamos enfrentando em nosso Estado, que estava sem um superintendente. Indicamos o nome de Celso Cestari, que foi aceito”.
Os deputados federais da bancada petista acusaram o então governador André Puccinelli de romper um acordo em que eles definiriam juntos o nome a ser indicado para o Incra/MS e indicar Celso Cestari ao presidente nacional do instituto. “Vou desmentir o bobo que disse que eu falei que ninguém trabalhava no Incra. Eu falei que alguns do Incra não trabalham e ainda receberam propinas. Fui relatar isso ao presidente nacional em Brasília e pedir que eles atuassem, não pedi a vaga para o Cestari, nem para ninguém. Se alguém do PT disse isso é mentiroso”, afirmou o governador, na ocasião.
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Nesta sua atual passagem pelo instituto, Cestari conseguiu regularizar apenas um área, a Fazenda Nazaré, em Campo Grande, que recebeu 171 famílias. Após a operação Tellus desencadeada pela Polícia Federal contra a venda de lotes por lideranças de assentamentos e membros do próprio Incra, as contas e investimentos do órgão foram congelados e as familiares regulares deixaram de ser assistidas. O advogado assumiu com o encargo de qualificar a gestão do órgão e promover a revisão de políticas públicas desenvolvidas no estado, entre as quais um trabalho amplo de revisão ocupacional em alguns assentamentos.
Cercado de limitações impostas pelos Ministérios de Desenvolvimento Agrário e Meio Ambiente, que somados à falta de recursos provocam o imobilismo administrativo num setor de extrema sensibilidade social, Cestari deu o pontapé inicial para romper o entrave das nomeações nos diversos órgãos federais no estado, que vêm sendo cobradas pela base aliada da presidente Dilma.