23 de abril de 2024
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BOLSONARISTA PRESO

Lira já avisou Bolsonaro: Câmara manterá prisão de Daniel Silveira

Mesmo tratando-se da prisão de um aliado, Bolsonaro foi aconselhado a se manter em silêncio sobre o caso Silveira

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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já foi comunicado ainda ontem (17.fev), pelo próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que a Casa deve manter a prisão do bolsonarista que atacou com ofensas e mentiras contra corte do Supremo Tribunal Federal (STF) e ainda em que o parlamentar fez apologia ao AI-5 da ditadura militar.

Silveira foi preso na noite de terça-feira (16.fev) por ordem do ministro do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Segundo o Folha de S. Paulo, interlocutores disseram que Lira afirmou a Bolsonaro que o governo precisa enviar uma proposta de novo auxílio emergencial — benefício pago à população que perdeu a renda durante a pandemia — e alertou que a situação de Silveira é um obstáculo indesejado para a agenda do Planalto no Congresso.

O Executivo já sinalizou que pode recriar o auxílio, desde que vinculado a medidas de contenção de gastos como o congelamento de salários no serviço público.

Na conversa desta quinta com Bolsonaro, Lira também cobrou que, qualquer que seja a fórmula encontrada pelo Planalto, ela precisa ser apresentada em breve.

Mesmo tratando-se da prisão de um aliado, Bolsonaro foi aconselhado a se manter em silêncio sobre o caso Silveira justamente para não escalar a crise entre poderes.

Como deputado federal, a prisão de Silveira precisa ser confirmada em votação no Plenário da Câmara. Lira vem articulando para encontrar uma solução em que a ordem de detenção seja revogada — por decisão da Câmara ou pelo próprio Supremo — sob o argumento de que a ação da corte cria um precedente perigoso para os demais deputados.

Tentando barganhar a soltura, Lira teria até mesmo ofertado que a Casa destinará uma com uma punição severa a Silveira, que terá que responder pelas declarações no Conselho de Ética da casa.

A costura de uma solução que não configure uma afronta ao Supremo interessa a Lira e a Flávio Bolsonaro.

Ambos têm interesse em manter uma boa relação com o Supremo.

O presidente da Câmara é alvo de duas denúncias por crimes de corrupção passiva e organização criminosa, resultantes de investigações da Operação Lava Jato. As duas acusações foram julgadas e aceitas pelo Supremo. No entanto, as ações penais ainda não foram abertas por conta de recursos.

Flávio Bolsonaro, por sua vez, foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro num esquema de desvio de recursos públicos de seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio.

O senador recebeu foro especial de deputado estadual pelo Tribunal de Justiça do estado, numa decisão contestada no STF pelo MP-RJ. O ministro relator é Gilmar Mendes, que até o momento não levou o caso a votação, retardando o andamento do caso.

FONTE: (FOLHA DE S. PAULO).