19 de abril de 2024
Campo Grande 17ºC

Campo Grande

Marquinhos evita contágio eleitoral e mantém governabilidade protegida

A- A+

O lançamento do “Reviva Centro”, o mais completo e ambicioso projeto urbanístico de modernização da história de Campo Grande, na terça-feira, 15, reforçou no conjunto da sociedade a certeza de que a capital de Mato Grosso do Sul está, concretamente, saindo de um abismo de incertezas. E mais: sai do abismo abrindo um renovado horizonte de perspectivas para o futuro da cidade.

Quando assumiu em janeiro de 2017, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) recebeu de herança o desastroso saldo de quatro anos de desmonte da máquina, das finanças e da credibilidade do Município. O que sobrou para ele seria a missão imprevisível de governar um Município ingovernável a curto ou, mesmo, a médio prazo, com uma prefeitura endividada e os serviços essenciais precarizados. Neste processo desafiador, o prefeito não hesitou em assumir a responsabilidade de dar à cidade o que mais precisava: gestão.  

Para vencer o primeiro exercício o prefeito passou 12 meses tapando milhares de buracos intermináveis em todas as ruas, vedando drenos de recursos desperdiçados e perdidos por falta de projetos ou de planejamento e ainda criou condições para iniciar uma busca paciente e determinada de parcerias. Assim, Marquinhos Trad retomava gradualmente os investimentos e vitaminava os meios para que a capital continuasse com a garantia que só poderia ser dada com uma gestão estratégica, focada exclusivamente na atenção e nos cuidados de ordem gerencial, abastecida pelo imprescindível lastro do mais amplo suporte político, mas equidistante das paixões partidárias, eleitorais ou cartoriais.

Porém, o segundo exercício é ainda mais intrincado e mais desafiador para o prefeito, pois 2018 é um ano de eleições. Tradicionalmente os interesses eleitorais saltam os muros da convivência política republicana, invadem o campo específico do jogo eleitoral, provocando ingerência em decisões administrativas e tirando o foco gerencial. Não foi o que ocorreu em Campo Grande. A gestão da cidade não sofreu essa contaminação.

A pré-campanha está instalada. Já se respira a disputa eleitoral, com alguns desenhos do mosaico de pré-candidaturas e de alianças de sustentação. Pouco a pouco, à medida que se aproxima a abertura oficial da campanha, os pretendentes a cargos eletivos, sobretudo nas disputas majoritárias (Governo e Senado), buscam o reforço de “cabos eleitorais” de peso, especialmente as lideranças fortes, com bons índices de avaliação popular.

Marquinhos Trad é uma dessas lideranças. Estima-se que seu prestígio consolidado em Campo Grande tenha um potencial médio de transferência de 30% dos votos locais. É a soma da aprovação de seu primeiro ano de prefeito com a média das votações recebidas nas eleições que disputou e venceu, para vereador e deputado estadual, sempre o mais votado.

O apoio de Marquinhos Trad seria decisivo para as pretensões dos três pré-candidatos que lideram as intenções de voto na sucessão estadual: André Puccinelli (MDB), Odilon de Oliveira (PDT) e Reinaldo Azambuja (PSDB). Da mesma forma, o dedo do prefeito daria um impulso diferenciado a qualquer dos pré-candidatos ao Senado, um deles seu próprio irmão, o ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB).

SEM TENDÊNCIAS - A quem buscar conjunturas que poderiam sinalizar alguma tendência, bastaria considerar que o prefeito cultiva frutífera parceria administrativa com o governador Azambuja, pré-candidato à reeleição, e além disso tem o laço sanguíneo e fraterno com o petebista Nelsinho. Ocorre que nenhuma das duas situações encurralou o prefeito nem pôs sob risco o objetivo de garantir que Campo Grande tenha gestão e não sofra sobressalto na dinâmica de recuperar-se dos prejuízos e retomar o crescimento. A política eleitoral não vai interferir na tarefa obstinada do prefeito de cuidar bem da sua cidade. É o que se vê, é o que se demonstra no dia-a-dia.

Para quem tinha dúvidas sobre a equidistância de Marquinhos Trad em relação ao jogo eleitoral que já está sendo travado, basta conferir sua postura nas diversas intervenções e manifestações recentes. No lançamento do “Reviva Centro”, por exemplo, sua resposta à pergunta de um jornalista foi objetiva e didática para a pauta que combina administração e eleição.

Ao ser questionado se faria a mesma escolha do irmão Nelsinho Trad, que vem fazendo parte da pré-campanha do governador Azambuja, o prefeito cravou: “Eu sou irmão do Nelsinho, mas o PSD não é irmão do PTB”. Era apenas a repetição de um quase-mantra que Marquinhos vem repetindo ultimamente para deixar inequívoca sua autonomia e afastar qualquer ameaça à proteção da governabilidade de Campo Grande.

Marquinhos Trad sabe que blindar a administração contra a sempre invasiva disputa eleitoral impõe calibrar a distância das paixões e não permitir que elas contaminem as decisões e ações técnicas e políticas, mas apartadas de projetos partidários ou pessoais. Foi com essa visão que ele encontrou o caminho do senador Pedro Chaves (PRB-MS) e do “Reviva Centro”; Os recursos desse mega-projeto estavam praticamente perdidos. Chaves – que provavelmente não terá o partido de Marquinhos em seu bloco de alianças pela reeleição – atendeu aos apelos do prefeito e da cidade onde vive e logrou resgatar as dotações definidas havia dez anos.

Com a sua primeira etapa prevista originalmente para execução de 2008 a 2013, o “Reviva Centro” integra o Programa de Desenvolvimento Integrado de Campo Grande, “um conjunto de ações integradas destinadas a melhorar a qualidade de vida dos moradores da cidade, mediante a execução de projetos urbanos e ações voltadas à revitalização da área central, à melhoria nos sistemas de mobilidade da população e à melhoria na eficiência da gestão administrativa do município”.

O investimento total desta fase é de US$ 46 milhões 615 mil (ou R$ 186 milhões 460 mil), sendo que US$ 19 milhões 382 mil emprestados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e os restantes US$ 27,2 milhões pela Prefeitura. O Plano de Revitalização do Centro contém 94 ações, entre políticas, programas e projetos a serem implementadas a curto, médio e longo prazo num horizonte de 20 anos.