23 de abril de 2024
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Eleições 2016

Marquinhos Trad é eleito prefeito de Campo Grande

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O deputado estadual Marquinhos Trad (PSD) foi eleito prefeito de Campo Grande neste domingo (30), derrotando a vice-governadora Rose Modesto (PSDB), com quem disputava o segundo turno. Ao ser eleito, Trad também quebra o poderio do PMDB na capital do Mato Grosso do Sul.

Com 100% das urnas apuradas, Trad foi eleito com 58,77% contra 41,23% de Modesto.

Trad era peemedebista havia 13 anos, mas deixou a sigla em março deste ano já com planos de lançar candidatura própria à prefeitura. Seu ex-partido governou Campo Grande por 20 anos, oito deles sob a gestão do seu irmão, Nelsinho Trad, que também deixou o PMDB, filiando-se ao PTB.

O PMDB enfrenta uma crise no Estado desde julho do ano passado, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Lama Asfáltica, que revelou um esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. Tais crimes, segundo a PF, ocorreram nas gestões de André Puccinelli (PMDB), enquanto ele era governador do Mato Grosso do Sul (2007-2014).

Marquinhos Trad, 52, estreou na política em 2004, aos 29 anos, quando foi eleito vereador de Campo Grande. Dois anos depois, em 2006, virou deputado estadual e, desde então, tem sido reeleito. Além do irmão ex-prefeito, Marquinhos é irmão de Fábio Trad, ex-deputado federal. O pai dele, Nelson Trad, também foi deputado federal.

Para a disputa pela prefeitura da capital sul-mato-grossense, o PSD de Trad compôs aliança com PEN, PHS, DEM, PT do B, PMN, PTB e PPL.

O candidato do PSD avançou para o segundo turno com 34,7% dos votos válidos (147.694), enquanto Rose Modesto ficou em segundo lugar com 26,62% (113.738 votos). Já o atual prefeito da cidade, Alcides Bernal (PP), obteve 26,01% (111.028 votos).

Eleição marcada por "mini-Lava Jato"

Em maio deste ano, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul deflagrou a operação Coffee Break, que apontou o envolvimento de 24 pessoas num esquema de propina e compra de voto para cassar o mandato de Bernal. O fato ficou conhecido como "mini-Lava Jato" e teria sido articulado pelo vice-prefeito, Gilmar Olarte (PP), que está preso.

Bernal foi cassado em março de 2014 e alguns dos candidatos que concorreram à prefeitura neste ano participaram direta ou indiretamente do processo que o tirou do Executivo. Na época, Rose Modesto era vereadora e votou pela cassação do pepista.

Entre as 24 pessoas denunciadas pelo MP por articular a cassação está Nelsinho Trad, irmão de Marquinhos. Seu advogado, César Maksoud, nega as irregularidades. O caso foi explorado na campanha eleitoral por Bernal, que concorria à reeleição, durante o primeiro turno.

No segundo turno, Modesto usou o horário eleitoral para atacar o candidato do PSD, ligando o à "velha política" por ele pertencer ao clã político Trad. Ele, por sua vez, tentou se desvencilhar da imagem de ex-peemedebista "alinhado politicamente" com o irmão e Puccinelli, ex-prefeitos da cidade. Trad surpreendeu ao ganhar o apoio de Bernal, um dos seus principais críticos no primeiro turno.

Trad contra-atacou Modesto com as promessas feitas pelo governo estadual durante a campanha de 2014 e que, segundo ele, ainda não foram cumpridas, como a construção de hospitais.

Ele também usou contra a vice-governadora o caso da cobrança da inspeção veicular obrigatória pelo Estado, considerada irregular pela Justiça e revogada em julho. O dinheiro pago enquanto a cobrança era considerada regular não será devolvido aos contribuintes.

A cidade

O prefeito eleito de Campo Grande vai administrar um município de 853.622 habitantes, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de agosto de 2015. O PIB da cidade é de R$ 20,6 bilhões (15º entre as 27 capitais), o equivalente a 41,4% de todo o Estado, que tem 79 municípios. A taxa de mortalidade infantil por mil nascidos vivos, em 2014, foi de 14,9%, pouco acima da marca no país, 14,4. Já o IDH (Índice de Desenvolvimento Urbano) fixada para a capital é de 0,784 (o que deixa a cidade entre as 100 cidades mais bem colocadas no país).