O tenente-coronel Mauro Cid enfrenta nesta semana o julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) pela trama golpista. O militar corre o risco de ver reduzidos os benefícios de sua delação premiada, firmada com a Polícia Federal há dois anos.
Cid tenta manter benefícios de sua delação premiada, firmada com a Polícia Federal há dois anos. Mas sua colaboração foi marcada por omissões e versões contraditórias, que expuseram mais sua tentativa de autopreservação do que compromisso com a verdade.
Cid entrou para a história como o primeiro militar delator do país. A decisão veio após seu pai, o general Mauro Lourena Cid, ser investigado pela venda de presentes de Estado recebidos durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
Ele só se tornou delator depois que o cerco da PF atingiu seu pai, o general Mauro Lourena Cid, envolvido na venda de presentes de Estado. O gesto não foi de coragem cívica, mas de cálculo para proteger sua família e evitar uma pena maior.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) pede sua condenação por golpe de Estado, tentativa de abolir o Estado democrático de Direito, associação criminosa armada e dano ao patrimônio. A lista de crimes é vasta e revela o tamanho da ameaça que pairou sobre o país.
As provas contra Cid são contundentes. Ele participou de reuniões estratégicas, como a realizada na casa de Walter Braga Netto, em novembro de 2022, onde se discutiu a decretação de um estado de exceção e até a neutralização de ministros do STF.
Também esteve presente em encontro com militares das Forças Especiais, os chamados “kids pretos”, para elaborar carta pressionando o comandante do Exército a aderir ao golpe. Não era “bate-papo de bar”, como ele tentou reduzir, mas articulação golpista clara e documentada.
As omissões em sua delação — sobretudo a blindagem inicial a Braga Netto — só reforçam que Cid jamais esteve comprometido com a verdade. Sua postura foi seletiva, tentando salvar aliados até onde pôde.
A defesa insiste em retratá-lo como peça coadjuvante, mas a PGR aponta seu papel estratégico. Ele foi mais do que mensageiro: foi elo central entre Bolsonaro e os demais golpistas, ajudando a viabilizar o plano criminoso.











