23 de abril de 2024
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Eleições 2020

Mesmo chegando atrasado, Miglioli ainda se agarra à ilusão das urnas

Sem espaço no PSDB e minimizando apoio de Azambuja, ex-secretário caça uma sigla para disputar eleição

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O resultado das eleições para o Senado em Mato Groso do Sul no ano passado passa por várias leituras. Já era esperada a vitória do ex-prefeito Nelsinho Trad, à época no PTB. e para a maioria da população o sucesso da candidata Soraia Thronicke (PSL) foi mesmo uma surpresa. De certa forma, também surpreendeu o desempenho de Marcelo Miglioli, que era do PSDB e ficou em quarto lugar, abaixo de Waldemir Moka e à frente de Zeca do PT.

A votação de Miglioli, e todos sabem disso, foi canalizada pela influência pessoal do governador tucano Reinaldo Azambuja. E também resultou de uma operação político-partidária, além de outras motivações de convencimento, que pôs todos os partidos e fiéis da base governista no Estado a serviço da candidatura do engenheiro que em mais de três anos havia respondido pela Secretaria Estadual de Infraestrutura, capitalizando todos os frutos possíveis e imagináveis da função para seu projeto pessoal.

Após a eleição, Miglioli agiu como se reconhecesse a derrota e estivesse medindo seu tamanho eleitoral sem a presença do governador ao seu lado nos palanques e programas do horário político. Se considerasse o resultado das urnas um feito extraordinário, capaz de alçá-lo para outros voos, certamente não faria as malas para deixar para trás o estado que lhe deu 347.861 votos, dos quais 96.483 em Campo Grande, a cidade que agora quer fazer novamente de trampolim para novo projeto eleitoral .

Segundo já informou a imprensa local, Marcelo Miglioli – que já deixou o PSDB – pensa seriamente em candidatar-se a prefeito ou a vice-prefeito da capital de Mato grosso do Sul. Ele afirma não estar interessado em vereança e, usando de seu direito de avaliações, acredita que um cargo majoritário seja mais adequado à altura de seu perfil ou de seu currículo.

Contudo, para ser candidato Miglioli necessita estar filiado a algum partido político. No PSDB, que parece não ter-lhe oferecido a serventia necessária, ficou sem espaço e sem crédito. Entretanto seu olhar está apontando para outras opções. O Solidariedade é uma delas. Diz ter sido convidado pela legenda que tem em seus quadros o vereador Papy e os deputados estaduais Herculano Borges e Lucas de Lima.  

Na verdade, quando foi embora após as eleições ficou a impressão de estar desgostoso com os eleitores e com o estado. Se retornar agora para fazer política, a impressão é de que chega atrasado. A qualquer legenda que escolher, Miglioli terá a oferecer o que foi oferecido quando transitou pelo PSDB e depois partiu, ao que parece, sem deixar saudades. Os amigos e aliados que conseguiu preservar no terreno político-eleitoral podem ser seus baluartes nesta nova fase da vida publica que está assumindo, com a perspectiva de encarar uma eleição majoritária.

A diferença é que desta vez Miglioli não terá a seu favor o envolvimento pessoal de lideranças como o governador Reinaldo Azambuja e o presidente regional do PSDB, Sérgio de Paula, a procissão de prefeitos e vereadores que carregaram seu andor e a pesada máquina estrutural que lhe deu sustentação para percorrer o Estado e seduzir seus cabos eleitorais.