23 de abril de 2024
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'NÃO SABE PERDER'

Na eminência da derrota, Trump começa colocar em xeque as votações

Presidente alegou potencial para fraude na contagem da Pensilvânia e de Nevada

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Donald Trump ameaçou lançar uma ação legal preventiva contra o resultado da eleição nos EUA. Faltando 48 horas para o fechamento das urnas, as pesquisas de opinião indicam que o presidente está perdendo para o candidato democrata Joe Biden.

Falando com jornalistas na noite do domingo (1º), Trump negou que estaria se preparando para declarar vitória na noite da eleição, antes de o país receber a contagem oficial dos votos. Mas alegou que há potencial para “fraude” e “manipulação” na contagem dos votos da Pensilvânia e de Nevada, dois estados indecisos que têm governadores democratas.

“Acho que é terrível que as cédulas possam ser recebidas após uma eleição”, disse Trump a repórteres, aludindo a uma decisão da Suprema Corte que permite que os votos na Pensilvânia sejam contabilizados por até três dias após o dia da eleição.

“Na noite do dia 3 –assim que a eleição terminar— vamos entrar com nossos advogados.”

Mais de 93 milhões de cédulas já haviam sido depositadas na eleição até a tarde do domingo, segundo o US Elections Project, banco de dados compilado por Michael McDonald, professor da Universidade da Flórida. Esse número representa mais de dois terços do total de votos registrados em 2016, assinalando uma participação maciça dos eleitores.

“A enxurrada de eleitores que estamos testemunhando é algo que só ocorre uma vez em cada cem anos”, comentou Nate Persily, professor da Escola de Direito de Stanford e ex-diretor sênior de pesquisas da Comissão Presidencial sobre a Administração de Eleições, falando à NBC News no domingo. Ele previu que até 160 milhões de americanos vão votar na eleição. Em 2016, 136,5 milhões de pessoas votaram.

Trump iniciou uma sequência frenética de comícios no Meio-Oeste e Sul do país. Uma nova pesquisa da NBC News-Wall Street Journal o mostrou dez pontos atrás de Biden entre eleitores registrados em todo o país e cinco pontos atrás entre os eleitores registrados nos 12 estados indecisos cruciais.

Numa programação intensa que começou com um comício às 11h em Washington e terminaria em Miami com um comício marcado para 23h, Trump viajou primeiro para o Michigan e Iowa antes de dirigir-se à Carolina do Norte, Geórgia e Flórida.

O presidente venceu nesses cinco estados em 2016, mas algumas pesquisas sugerem que sua trajetória será mais difícil este ano. Uma análise feita pelo Financial Times da média de pesquisas da RealClearPolitics dá a Biden a vantagem em quatro desses estados.

Enquanto isso, uma pesquisa do Des Moines Register divulgada no sábado deu a Trump uma dianteira de sete pontos percentuais no Iowa –um de seus melhores resultados das últimas semanas em pesquisas.

“A próxima onda vermelha está chegando ... será uma onda como ninguém jamais viu. A terça-feira será linda”, disse Trump no domingo, num comício no Michigan debaixo de neve. “Supostamente estamos perdendo feio, mas então nos equiparamos e vencemos.”

Num evento no modelo drive-thru na Filadélfia que visou mobilizar o eleitorado cristão negro, Biden sugeriu que Trump está tentando impossibilitar eleitores de exercer seu direito de voto.

No domingo a Suprema Corte do Texas bloqueou um esforço de republicanos para invalidar mais de 120 mil votos depositados em dez locais de voto drive-thru no condado de Harris, de maioria democrata.

Os republicanos haviam argumentado que as estações de voto drive-thru são ilegais no Texas e que sua localização favorece eleitores democratas. A expectativa é que um tribunal distrital federal anuncie uma decisão emergencial sobre o assunto nesta segunda-feira.

“Não interessa quanto Donald Trump tenta”, declarou Biden em Filadélfia. “Não há nada, nada que ele vai fazer que impeça esta nação de votar, por mais que ele se esforce para isso.”

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