Ativistas da organização Proteção Animal Mundial realizaram um protesto na manhã da 6ª feira (23.mai.25), em São Paulo contra a entrada da JBS na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).
Enquanto acionistas da empresa aprovavam a operação, faixas com críticas ao modelo de produção da gigante da carne foram instaladas nas pontes do Piqueri e Atílio Fontana, na Marginal Tietê — próximo à sede da companhia.
Com frases como “Ninguém lucra com a crise climática” e “Mais sofrimento animal, mais desastres climáticos”, o protesto faz parte de uma campanha que denuncia os impactos ambientais, sociais e sanitários associados à atuação da JBS, maior produtora de proteína animal do mundo.
CRÍTICAS A EXPANSÃO GLOBAL

A listagem na NYSE ocorre de forma paralela à já existente na B3, em São Paulo, permitindo à empresa captar investimentos no mercado internacional.
Segundo a ONG, essa movimentação amplia os riscos socioambientais ao viabilizar mais recursos para uma operação que já enfrenta denúncias de emissões excessivas de gases do efeito estufa, desmatamento ilegal, sofrimento animal e até trabalho análogo à escravidão. “É lamentável ver tantos recursos fluindo para uma empresa com um histórico tão grave de violações ambientais e sociais”, afirmou Karina Ishida, coordenadora da campanha de Sistemas Alimentares da ONG. Ela também apontou o retrocesso da empresa em compromissos climáticos, como o recuo na meta de “emissão zero”.

Um levantamento divulgado pela organização estima que as atividades da JBS geram emissões equivalentes às de 14 milhões de carros por ano — mais do que todo o volume emitido pela Espanha. Além das emissões, o avanço da produção agropecuária, segundo a ONG, tem destruído habitats naturais e agravado o sofrimento animal.
O protesto também faz menção a mudanças legislativas consideradas problemáticas por ambientalistas. Entre elas, o PL 2159/2021, que altera as regras de licenciamento ambiental, e a Lei do Autocontrole (14.515/2022), que transfere ao setor privado parte da fiscalização sanitária dos frigoríficos — antes responsabilidade exclusiva do Estado. “Essas alterações fragilizam a proteção ambiental e sanitária no país, justamente em um momento de alerta com doenças como a gripe aviária”, alerta Karina Ishida.
TENTATIVA DE INTIMIDAR

A ONG também acusa a JBS de tentar intimidar organizações que fazem oposição ao seu modelo de negócios. Em abril, oito ativistas do Greenpeace foram detidos durante um protesto pacífico, e a campanha “Vilões do Clima” quase foi retirada do ar.
Na mesma manhã, um banner próximo à sede da JBS exibia a frase: “Não seremos silenciados. Ativismo não é crime".

A JBS ainda não se pronunciou oficialmente sobre o protesto ou as acusações feitas pela organização.