28 de março de 2024
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COMPARATIVO

ONU: EUA tem 8,1 milhões de pessoas desnutridas, contra 3,7 milhões da Venezuela

Dura comparação revela má distribuição de renda nos EUA

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Fiz uma visita ao site da FAO (organização vinculada à ONU que trata de temas relacionados à segurança alimentar no mundo), que é a fonte onde o nosso IBGE colhe seus dados internacionais, e fiz um comparativo entre alguns países no quesito “quantidade de pessoas subnutridas, em milhões”.

É interessante descobrir que, segundo os dados mais atualizados da FAO, para os anos 2015 a 2017, os Estados Unidos tinham 8,1 milhões de pessoas sofrendo desnutrição, o Brasil 5,2 milhões, o Haiti, 5 milhões, o Iraque, 10,3 milhões, a Coréia do Norte, 11 milhões, a China, 123,5 milhões (!), a Colômbia, 3,2 milhões.

Por que cargas d’água, portanto, a mídia brasileira joga todos os seus holofotes sobre os 3,7 milhões de pessoas sofrendo com desnutrição na Venezuela?

Quanto aos EUA, não seria melhor que distribuísse ajuda humanitária a seus pobres desnutridos?

Observe que a Colômbia, no período 2010 a 2012, tinha 5 milhões de pessoas desnutridas; nesses mesmos anos, a Venezuela, que ainda não tinha sofrido sanções e boicotes internacionais, apresentava apenas 1,1 milhão de pessoas desnutridas.

O Brasil, em 2000 a 2002, chegou a ter 18,8 milhões de pessoas desnutridas. Ninguém pediu para “invadir” o Brasil e derrubar o governo do PSDB.

Outro gráfico que me pareceu interessante traz o percentual da pobreza nos EUA. Este foi colhido no US Census Bureau, e nos informa que os EUA tem cerca de 40 milhões de pobres.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não quer guerra contra a Coreia do Norte, nem patrocina por lá, pelo menos não abertamente, operações de “mudança de regime”.

Muito pelo contrário, Trump está se encontrando pessoalmente com o ditador do país, tentando estabelecer um diálogo pacífico entre os EUA e a pequena nação comunista do extremo oriente.

Perguntado por um repórter se não via contradição entre o tratamento dado pelos EUA aos governos da Coréia do Norte e da Venezuela, conversando com o primeiro e ameaçando militarmente o segundo, o nosso ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, gaguejou que são “duas situações geopolíticas diferentes”.

Notando que isso não era resposta, Araújo completa, dizendo que o governo venezuelano trata sua população com mais “brutalidade”.

É importante lembrar o óbvio. Ao contrário da Coreia do Norte, a Venezuela tem eleições.  Tem imprensa privada de oposição. A maioria dos jornais e telejornais do país são de oposição. Nada disso existe na Coreia do Norte.

O governo da Venezuela pode ser ruim de gestão e autoritário, mas o país tem eleições (tanto é que vários estados são governados por políticos de oposição) e liberdade de imprensa.

Agora, olhe o gráfico abaixo, colhido do novo portal “Países” do IBGE,  comparando os dados referentes ao percentual de população desnutrida na Coreia do Norte e na Venezuela.

A Venezuela passa por uma crise real de subnutrição, e países como Rússia, tem enviado ajuda humanitária na forma de alimentos, mas estes são distribuídos via canais oficiais do governo, como manda as regras internacionais e o bom senso.

Os últimos dados da FAO, atualizados até 2017, mostram que 11,7% da população venezuelana sofria com desnutrição.

Note, porém, que a Coreia do Norte, cujo regime não trata sua população com tanta brutalidade, segundo o nosso chanceler, convive há bastante tempo com um índice de desnutrição de 43,4%, ou seja, quase quatro vezes o número observado na Venezuela.

E a população da Coreia do Norte não é tão pequena assim: são 25,6 milhões de habitantes, contra 32.8 milhões de venezuelanos.

Outros países, mais próximos dos EUA, também sofrem com desnutrição. O Haiti, por exemplo, com seus 11 milhões de habitantes, tem um índice de desnutrição de 46%.

O Iraque, com uma população de 39 milhões de habitantes, tem quase 30% da população desnutrida. No caso do Iraque, o índice de desnutrição aumentou muito após a invasão militar dos EUA.

A Colômbia melhorou seus índices, mas tinha 10% de desnutrição até pouco tempo, ou seja, um índice superior ao da Venezuela, e isso sem nenhum país atacando-a com sanções e embargos.