A reunião de Jair Bolsonaro ontem (23. maio) com alguns apoiadores numa ‘motocada’ do Parque Olímpico ao Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, com direito a discursos em cima de carro de som, aglomeração e nenhum respeito às regras de distanciamento social, dará prejuízos à um dos participantes "adorador" do político.
Além disso abre um crise militar, devido à participação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Ele é general de divisão da ativa e violou o Estatuto dos Militares e o Regulamento Disciplinar do Exército ao participar de ato político público.
Segundo o regulamento do Exército, comete uma transgressão disciplinar o militar que se manifestar, publicamente, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária. Também são vedadas manifestações coletivas de caráter político aos militares da ativa.
O comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ficou numa situação complicada. Ou pune o general Eduardo Pazuello por participar de manifestação ao lado do presidente Jair Bolsonaro no Rio ou fica desmoralizado, criando o risco para a volta da anarquia nos quartéis. A avaliação é de interlocutores de militares da ativa.
O Comando do Exército deve analisar o caso ainda hoje (24. maio).
Segundo militares, vai crescer ainda mais a pressão para que o ex-ministro passe à reserva. Na avaliação deles, os atos políticos e a investigação da CPI da Pandemia sobre Pazuello arranham e imagem do Exército.
Se de um lado o comandante Paulo Sérgio Nogueira corre o risco de se desmoralizar se não punir Pazuello, por outro pode criar uma tensão com o Palácio do Planalto, já que o ex-ministro da Saúde foi chamado ao evento pelo presidente da República. Bolsonaro pode, inclusive, anular uma eventual punição a seu ex-ministro da Saúde.