19 de abril de 2024
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Ambição pessoal

Por presidência do Senado, Simone mira em Renan e trama implosão do MDB

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Esse projeto cresceu como ambição pessoal e chegou a um estágio no qual não se conhece os limites. Assim está sendo avaliada, por correligionários que não a apoiam, a determinação da senadora Simone Tebet (MDB/MS) de entrar na disputa pela presidência do Senado. Para atingir o objetivo, ela não hesita em sacrificar o correligionário alagoano Renan Calheiros. E está indo além, alimentando o levante das forças senatoriais empenhadas em destruir a provável candidatura de Renan e demolir o MDB, a legenda à qual é filiada.

Ontem (quarta-feira, 23), o noticiário político revelou o início de conversas que podem evoluir para um acordo entre Simone Tebet e outros pré-candidatos à presidência, Major Olímpio (PSL/SP) e David Alcolumbre (DEM/AP). Um quarto senador, Álvaro Dias (Podemos/PR), está na relação de pretendentes e deverá ser um dos próximos interlocutores a conversar com Simone para discutir a aliança entre candidaturas anti-Renan.

Enquanto Simone deixa as sombras e assume escancarada postura de candidata, Renan trabalha com discrição. Não ignora que são fortes as resistências ao seu nome. Mas, ao mesmo tempo, sabe que continua tendo elevado prestígio em Brasília, dentro e fora do Congresso Nacional. Este é um dos esteios que, somado ao apoio majoritário da sua bancada, dão a ele posição diferenciada para ganhar a indicação partidária e entrar de vez na briga pelo comando da Casa. 

Se necessário, e ao contrário da colega sulmatogrossense, Renan põe-se à disposição para ser a melhor saída no sentido de preservar a unidade medebista. Está atento aos desafios do MDB para recuperar-se dos pesados prejuízos políticos e eleitorais que vem sofrendo. Mesmo com Michel Temer por mais de dois anos no mais alto cargo da Republica, o partido sofreu baixas importantes, viu a sua representação congressual diminuir e amargou revezes dolorosos nas urnas. 

FICHA - A engrenagem que impulsiona as candidaturas anti-Renan quer fazer das pendências judiciais do senador alagoano um argumento poderoso para tirá-lo do páreo. Esta faca, todavia, tem dois gumes, corta dos dois lados, tendo em vista que Simone Tebet também responde a processo por improbidade administrativa. 

Logo que se anunciou como alternativa de renovação política no Congresso, Simone viu na imprensa uma das pedras lançadas contra o telhado de sua candidatura. Alguns veículos jornalísticos, como a Veja online, destacaram episódios que retratam os perrengues judiciais envolvendo a três-lagoense. 

Uma das notícias lembra que Simone Tebet "virou vidraça ao anunciar candidatura à Presidência do Senado". E emenda: "Ela é ré em um processo movido pelo Ministério Público Federal por improbidade administrativa da época em que era prefeita de Três Lagoas. O caso versa sobre um repasse do Ministério do Turismo ao município. Quem não deve estar nada feliz com a publicidade de seu passado é o senador Eduardo Girão (PROS), que entrou com mandado de segurança no STF para impedir que senadores réus possam concorrer à Presidência do Senado. O aliado mirou em Renan Calheiros e pode acabar acertando em cheio a aliada". 

BLOQUEIO - Outra notícia, esta de seis fevereiro de 2018, publicada pelo  Blog do Nélio, dá conta de uma derrota judicial de Simone. Era um recurso em que pedia o desbloqueio judicial de seus bens. A Justiça negou. É este o texto da matéria:

"A senadora Simone Tebet (MDB/MS) sofreu mais uma derrota na Justiça Federal em ação por improbidade administrativa e bloqueio de bens movida contra a parlamentar sul-mato-grossense devido a desvio de dinheiro público na obra de revitalização do balneário municipal de Três Lagoas quando ela ainda era prefeita. A Justiça Federal decidiu manter a ação e a senadora, bem como os ex-secretários, ex-funcionários municipais, o empresário Antônio Fernando de Araújo Garcia e a Anfer Construção e Comércio, continuará com os bens bloqueados.

Conforme a denúncia do MPF (Ministério Público Federal), o Governo Federal e a Prefeitura de Três Lagoas investiram R$ 979 mil na revitalização, executada em duas etapas. A Controladoria Geral da União (CGU) detectou diversas irregularidades, desde o direcionamento na licitação com exigências inéditas para favorecer a Anfer e a eliminação da única concorrente na fase de habilitação".