24 de abril de 2024
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Precisa vai pedir à Anvisa uso emergencial da Covaxin ainda hoje (28.jun.2021)

Empresa está na mira da CPI por possíveis irregularidades da aquisição da vacina Covaxin

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Com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de olho nas possíveis irregularidades da aquisição da vacina Covaxin, a Precisa Medicamento - que é a empresa representante da farmacêutica indiana Bharat Biotech no Brasil - informou que apresentará à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda hoje (28.jun.2021), um pedido para uso emergencial do imunizante.

Atualmente, o contrato firmado pelo Ministério da Saúde com a empresa é o novo foco de análise da CPI e, em nota, a empresa diz que a autorização é "a única etapa que falta" para que 20 milhões de doses negociadas com a Saúde "comecem a ser importadas e aplicadas no Brasil", segundo informações da Folhapress.

De acordo com o portal Brasil 247, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) - em entrevista aos jornalistas Mateus Vargas e Leandro Colon, na Folha de S.Paulo - apontou que o esquema de corrupção no governo Bolsonaro em torno do escândalo da compra de vacinas pelo Ministério da Saúde pode ser "muito maior" do que o caso da vacina Covaxin. 

Na tentativa de concretizar a aplicação do imunizante, a Precisa anuncionou que "estudos internacionais já apontaram eficácia geral da Covaxin de 78% em sintomáticos e 100% em casos graves",
 
Essa mesma empresa, envolta por suspeitas de corrupção no Ministério da Saúde, disparou no governo de Jair Bolsonaro, segundo apurações dos jornalistas Vinícius Valfré, Julia Affonso, publicadas no Estado de S. Paulo.

"A Precisa Medicamentos teve um salto em seus negócios no governo do presidente Jair Bolsonaro. Antes dele, a firma havia assinado apenas um contrato, de R$ 27,4 milhões, para fornecer preservativos femininos ao Ministério da Saúde. Desde 2019, primeiro ano de Bolsonaro, a Precisa fechou ou intermediou acordos que somam R$ 1,67 bilhão. No atual governo, o empresário Francisco Maximiano, dono da Precisa, também ganhou acesso a ministérios, ao BNDES e à embaixada do Brasil na Índia", aponta o texto. 

Na sequência eles expõem que foi o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o próprio filho mais velho do presidente, o responsável por abrir as portas do BNDES ao empresário. "Após a revista Veja revelar que o Zero Um intermediou uma reunião de Max, como é conhecido em Brasília, com o presidente do banco público, Gustavo Montezano, o senador admitiu ter 'amigos em comum' com o dono da Precisa", dizem os jornalistas.

Miranda também disse que Bolsonaro teria ligado o líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), ao "rolo" nas negociações para a compra da vacina indiana. Barros negou ter participado da negociação.

Bolsonaro mandou a PF investigar o deputado e o servidor, mas não explicou o que fez ao ser alertado por eles sobre as supostas irregularidades. O contrato da pasta da Saúde com a Precisa foi firmado em fevereiro, ainda em um momento em que a vacina não tinha tido todos os resultados de estudos clínicos divulgados, e com previsão de custo de US$ 15 a dose.

Meses antes disso, a pasta já tinha negado propostas de vacinas mais baratas e já aprovadas em outros países, como a Pfizer. Integrantes do governo dizem que o governo tinha como objetivo obter doses ainda no primeiro semestre. No entanto, a previsão de entrega nunca foi cumprida.

No início desse mês, após negativa de pedido feito anteriormente, a Anvisa concedeu aval ao Ministério da Saúde para importação da vacina, desde que cumpridos diferentes requisitos, como acompanhamento em estudos clínicos. 

O volume de doses para importação inicial também foi limitado a 4 milhões. Porém, desde então a pasta não fez novas reuniões com a Anvisa.

Segundo a Folhapress, dentro do ministério, a avaliação é que a soma das investigações, falta de aval para uso emergencial e a dificuldade na previsão de entrega colaboram para a possibilidade de cancelamento do contrato.

Em devolutiva, a empresa chegou a divulgar que apresentaria documentos para o pedido de uso emergencial, mas a solicitação não foi oficialmente protocolada oficialmente.

Por outro lado, a Precisa realizou um pedido para estudos clínicos da vacina no Brasil, o qual foi aceito em maio pela Anvisa. A previsão é que os testes sirvam como complemento a dados da vacina obtidos em estudos na Índia. Em nota, ela diz que dará início aos testes "em breve", contando com apoio do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein