29 de março de 2024
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Política

Pronunciamento de Bolsonaro e recorde de mortes diárias repercutem no Senado

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A terça-feira (23) marcada pela primeira vez em que o Brasil registrou mais de três mil mortes por covid e o pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, em rede nacional de rádio e televisão repercutiu no Senado. Parlamentares lamentaram por meio de suas redes sociais a confirmação de 3.251 novas óbitos em apenas um dia, número que aproxima o país da marca de 300 mil vítimas fatais. Também comentaram a fala do presidente aos brasileiros. 

Em apenas 24 horas o Brasil perdeu mais vidas do que a soma de algumas das principais tragédias do país conforme apontou o senador Carlos Fávaro (PSD-MT):

"Em um dia perdemos mais vidas que ao longo de anos com o incêndio no Edifício Joelma (187), o naufrágio do Bateau Mouche (55), o massacre do Carandiru (111), a explosão no Osasco Plaza Shopping (42), a queda do avião em São Paulo (99), o incêndio na Boate Kiss (242) e a tragédia de Brumadinho (115). Só hoje [terça-feira] ultrapassamos em quase quatro vezes o número de famílias dizimadas por essas tragédias que estarreceram todo o país", lamentou.

Senadores atribuíram parcela da culpa pelas mortes à gestão do governo federal durante a pandemia. Mara Gabrilli (PSDB-SP) criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro, que agiu na contramão do que é recomendado pela ciência.

"Enquanto corpos são deixados no chão de hospitais, o presidente promove aglomerações sem o uso de máscaras. Não dá mais!", escreveu a parlamentar. 

Para Weverton (PDT-MA), o enfrentamento à pandemia da covid-19 precisa ser revisto imediatamente.

"Não podemos ficar apenas assistindo ao que está acontecendo, 3.251 mortes em 24 horas. Mais um recorde devastador! Meus sentimentos a todas as famílias que estão passando por esse momento de dor". 

Eduardo Braga (MDB-AM) também cobrou uma guinada na condução dessa "guerra" contra a covid-19.

"A pandemia quebra uma barreira atrás da outra no Brasil. Até quando? Mais quantas mortes serão necessárias para darmos uma guinada na condução dessa guerra?", afirmou Braga.

Vacinação

O recorde de mortes registrado na terça-feira e o momento crítico da pandemia, em meio a relatos de baixo estoque de oxigênio e medicamentos, além de lotação de unidades de terapia intensiva (UTIs) expõe, segundo senadores, a urgência em acelerar a vacinação. Durante a sessão dessa terça-feira, o Senado fez um apelo por vacinas à comunidade internacional e exigiu o cumprimento do cronograma de produção de imunizantes.  

"A vacina deveria ter sido prioridade desde o início! O Brasil não pode mais esperar. Cada minuto sem vacina custa a vida de uma pessoa e o luto de uma família", apontou Randolfe Rodrigues (Rede-AP). 

Na mesma linha, Dário Berger (MDB-SC) enxerga a vacinação como saída para superar o pior momento da pandemia.

"Precisamos de vacinação em massa com urgência e no curto prazo. Só assim poderemos vencer essa batalha", escreveu Berger.

Pronunciamento

No pronunciamento de pouco mais de três minutos, Bolsonaro reconheceu que o coronavírus "infelizmente tem tirado a vida de muitos brasileiros" e afirmou que o governo tomou medidas para combater o coronavírus ao longo de toda a pandemia e que sempre foi a favor das vacinas.

"Em nenhum momento, o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus como para combater o caos na economia", disse o presidente. "Sempre afirmei que adotaríamos qualquer vacina, desde que aprovada pela Anvisa. E assim foi feito", acrescentou.

Para Randolfe, Paulo Rocha (PT-PA), Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE) e outros senadores o presidente mentiu. Eles também destacaram as manifestações contrárias de brasileiros durante a fala do chefe do Executivo.

"Bolsonaro subestimou a pandemia, atacou as estratégias de conter o vírus, sabotou o auxílio emergencial, atrasou a vacinação, tirou verba da saúde, recomendou remédios ineficazes. Agora não adianta o mentiroso ir para TV e tentar enganar o povo brasileiro. Panelaço Fora Bolsonaro bombou em todo Brasil", escreveu Rogério.

Outro a apontar inconsistências na fala de Bolsonaro foi Cid Gomes (PDT-CE).

"O Brasil vacinou 6% da população. E no dia em que 3 mil brasileiros morreram pela covid, Bolsonaro tem a cara de pau de afirmar que sempre defendeu a vacinação. Mentiu e, a contragosto, tentou demonstrar um sentimento de pesar em relação às vítimas. É perverso e incompetente".

Já Ciro Nogueira (PP-PI) compartilhou mensagem do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, em que afirma que a fala do presidente traduz a direção a ser seguida e que "o povo vencerá esta batalha".

O senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ) compartilhou a íntegra do pronunciamento do presidente.

Sinalização

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que o pronunciamento de Bolsonaro foi uma sinalização importante.

"É uma sinalização muito importante para que nós possamos ter uma união de entendimentos, um discurso uniforme e ações muito contundentes para poder erradicar a pandemia em nosso país", disse Pacheco.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)