28 de março de 2024
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XADREZ POLÍTICO | MS

Reunião entre 'cabeças' do PT e Azambuja gera fuga de narrativas

"Foram levar a cabeça da nossa pré-candidata?", questiona Zeca

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Estiveram numa reunião com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) na quarta (1°.jun.22), Camila Jara (pré-candidata a deputada do PT), Vladimir Ferreira (presidente regional do do PT), os deputados Amarildo Cruz e Pedro Kemp (ambos do PT) e o professor Jaime Teixeira (presidente da Fetems). O MS Notícias confirmou que a reunião aconteceu, mas a pauta aos presentes destoam e Jaime disse que nem esteve na reunião, mas “o convidaram”.

“Nós fomos conversar sobre o cenário político estadual. Tratamos com o governador sobre o palanque do presidente Lula aqui no Mato Grosso do Sul, porque tem um pessoal que apoia o candidato do governo, mas também apóiam Lula. E que nós continuemos construindo a candidatura da campanha da Giselle Marques aqui, ao governo. Porque o governador não é candidato e está deixando o mandato, nós comunicamos ele que continuamos na campanha da Giselle Marques”, explicou o presidente do PT em MS, Vladimir Ferreira.  

Vladimir Ferreira é presidente do PT em MS.  - Foto: Eduardo SuedeVladimir Ferreira, o presidente do PT em MS.  Foto: Eduardo Suede | CBN Campo Grande 93,7 FM 

Ao ser questionado se a própria Gisele foi comunicada da reunião, Vladimir disse: “Sim, avisei ela previamente dessa reunião". Ainda segundo Vladimir, todos os nomes citados no topo da reportagem estiveram na reunião.

Porém, a equipe do MS Notícias ligou para Jaime Teixeira que negou que estivesse integrado a tal reunião: “Não, eu não fui, não. Não estive em nenhuma reunião não. Não fui não, me chamaram para essa reunião, mas eu não sei nem se aconteceu”, esquivou-se Jaime. 

Jaime Teixeira em foto à esqueda de Lula. Foto: Redes Jaime Teixeira em foto à esqueda de Lula. Foto: Redes 

Camila Jara disse que a pauta da reunião foi “economia”. “E as medidas que podem ser feitas e aderidas pelo governo do estado frente à crise econômica que está aí. Então, foi mais uma conversa informal sobre as perspectivas do que a gente pode fazer nesse cenário. Então, a conversa aconteceu como aconteceria com quaisquer outras lideranças, porque nossa função é criar pontes agora e não barreiras, mas [não discutimos] nada que influencia na decisão eleitoral. A candidatura da Giselle Marques está mantida e ela é a nossa pré-candidata ao governo do estado, segundo a decisão da Executiva do PT”, comentou Camila Jara, que se lançou recentemente pré-candidata a deputada estadual.  

Camila Jara é abraçada pelo deputado estadual Pedro Kemp, também do PT. Foto: Redes Camila Jara é abraçada pelo deputado estadual Pedro Kemp, também do PT. Foto: Redes 

Questionada se ocorreu na reunião sugestão de aliança entre PT e PSDB em 2022, Camila disse: “Essa aliança não pode haver e é vetada inclusive pelo estatuto do PT. Porque nós temos uma decisão clara da Nacional que nós não podemos coligar com partidos aliados do governo Bolsonaro, o caso da legenda do PSDB nessas eleições, que está [coligada] ao PP da Tereza Cristina e o PL. Então, alianças como essas são impossíveis de acontecer pela ligação com o governo Bolsonaro”, esclareceu Jara. 

Ao ser lembrada que o PSB de Geraldo Alckmin (vice de Lula) fez aliança com os tucanos em MS, Jara disse que é um caso de rachadura na legenda do vice. “O PSB está rachado aqui, né? Uma parte está com o Marquinhos e outra parte tende a vir como Riedel, né? Mas isso não interfere na nossa posição política com a Nacional”, explicou. Jara também confirmou que Jaime Teixeira estava na reunião, apesar de ele negar. “A gente foi falar enquanto representantes de movimentos sociais no caso da Jaime [Teixeira], e parlamentares, então, ela [Giselle Marques] não estava presente porque não era um debate sobre eleições...”, apontou, Jara. 

deputado estadual Amarildo Cruz. Foto: ALEMS deputado estadual Amarildo Cruz. Foto: ALEMS | Talitha Moya

O deputado estadual Amarildo Cruz disse inicialmente."Fomos conversar a respeito do 2º turno, palanque do Lula, nossa candidatura. Fomos falar sobre o cenário, todo mundo conversa com todo mundo, isso é normal". Na sequência, Amarildo disso, que a reunião não foi só política. "A pauta do restaurante popular foi uma das coisas que eu particularmente tratei, porque a reunião não foi só política, a reunião foi também, obviamente, para algumas demandas que a gente tem que tratar com o chefe do Executivo. E está avançando, porque o governo acena com interesse em implantar o restaurante, mas com  uma licitação que vai escolher uma empresa que vai tocar a gestão do restaurante, não seria o governo tocando. Nós já temos alguns interessados, eu levei para ele alguns nomes, de algumas empresas que vão disputar o certame. Então vão soltar o edital da Secretaria para as empresas estarem se habilitando nos moldes daquilo que a gente está propondo, para que o restaurante possa funcionar", contou, explicando que até o final do mês o tal edital deve estar sendo publicado.

Giselle teve apoio de figuras importantes do PT - Crédito: Silas LimaGiselle teve apoio de figuras importantes do PT - Crédito: Silas Lima

Procurada por nossa reportagem, Giselle Marques confirmou que foi informada previamente por Vladimir sobre a ida do grupo ao gabinete do governador. “Sim, o presidente do partido falou para mim que eles foram tratar lá, sobre temas institucionais com os deputados e com a vereadora e que nada foi tratado da minha pré-candidatura”, contou a pré-candidata do ao governo de MS pelo PT.

A pré-candidata ainda disse que há dias estão com “fofocas” em torno da retirada da sua pré-candidatura, mas ela está trabalhando. “Vários repórteres me perguntaram se eu estava na governadoria. À tarde mudaram a pergunta ao descobriram que de fato eu não estava... O quadro eleitoral é assim mesmo, tem muitas conversas”, analisou. “Eu nem me preocupei, porque o PSDB, que é o partido do governador e é o partido do candidato Riedel, já declarou apoio ao Bolsonaro. Então, não tem cabimento o que estão colocando, de eu retirar para apoiar [o PSDB], não tem como! Eu estou pré-candidata para o palanque do Lula, nosso foco maior é eleger o Lula, sou parceira do Lula... então, isso aí [de eu sair da disputa] não tem o menor cabimento”, finalizou a advogada que estava numa reunião das mulheres do PT nesta tarde de quinta-feira. 

O pré-candidato a deputado estadual e ex-governador, Zeca do PT, disse que é muita estranha essa visita dos membros do PT a sala da governadoria.  “Eu acho muito estranho. Eu fiquei sabendo através da mídia que os dois deputados, o Amarildo [Cruz] e o Pedro Kemp, o Jaime [Teixeira] da Fetems que sempre foi muito crítico ao governo do Reinaldo, mais a Camila Jara que é vereadora do PT, e o Vladimir, presidente do PT, foram na governadoria conversar não sei o que. É muito estranho! Foram o que? Foram levar a cabeça da nossa pré-candidata Giselle para oferecer para o Reinaldo? Foram negociar segundo turno? Em troca de que negociar agora segundo turno?”, elencou questionamentos.  

Para Zeca, é muito ruim para a imagem do PT a tal reunião. “É muito ruim o que aconteceu para a motivação do nosso povo. Porque passa a pairar uma enorme interrogação, portanto, uma enorme desconfiança de que razão levou essa gente a ir conversar, sem ninguém saber, com o governador Reinaldo, sendo que eles tem um pré-candidato e nós temos outro”, criticou. 

Zeca (dir), Azambuja (esq.). Foto: Redes Zeca (dir), Azambuja (esq.). Foto: Redes 

Zeca disse ao MS Notícias que a fala de Vladimir sobre a motivação da reunião foi sem contexto. “Quem que falou que precisa reafirmar para o governador que nós temos candidata? Eu estou reafirmando todos os dias na rua que nós temos uma pré-candidata. Eu estou [agora] em Ponta Porã, segunda-feira estive em Jardim; terça-feira de manhã em [Porto] Murtinho; terça-feira à tarde em Caracol; ontem de manhã em Bela Vista; ontem à tarde em Antônio João; hoje o dia todo aqui e amanhã o dia todo em Dourados e, aonde eu vou, eu digo: eleições de dois turnos pressupõe candidatura no 1º turno de quem puder, nós podemos! Temos uma belíssima candidata, preparada e sensível. Formada e pós-graduada. Temos um belíssimo candidato a Senador, o que nós temos que fazer é propagandear isso. Não ir lá no governador e dizer: óh, governador, sabia que nós temos uma pré-candidata?. Pelo amor de Deus, eu espero enfim concluir que não esteja por trás disso uma grande armação”, comentou o ex-governador.

Para Zeca, o professor Jaime Teixeira teria afirmado que foi à reunião, ao contrário do que disse ao MS Notícias. “Ele falou para mim que foi. Eu liguei para ele, e ele falou: eu fui, mas se quer saber o assunto, pergunta para o presidente... conversar sobre pauta de restaurante com o governador, querem almoçar juntos, é isso?”.

“Todas as informações que eu tive são inverídicas. As 3 informações são inverídicas. Liguei para o Jaime, e o Jaime me disse: Zeca, eu fui. Você quer saber o que tratou? Eu não sei te falar, pergunta para o Vladimir. Na entrevista o Vladimir dizendo que foi reafirmar a candidatura da Giselle, não é com o governador que tem que reafirmar é com a militância do PT”, continuou.

Zeca concluiu que está curioso para ter a verdade sobre a dita reunião. “Eu não tenho problema nenhum em conversar na política. Acho que política é a arte de conversar, mas se tem que conversar eu sempre fiz claramente. Falo abertamente, eu gosto do Reinaldo, me dou bem com a pessoa do Reinaldo, acho que ele faz um bom governo, ponto”, posicionou-se. E seguiu: “Nós temos uma pré-candidata, eu acho que nós temos expectativa de repetir 98, podemos ir para o segundo turno. Se não for, lá para frente a gente senta e vê que cenário que vai ter. Eu tenho dito que não fico com André [Puccinelli], de jeito nenhum e o Marquinhos [Trad] se faz um comportamento arrogante que não me agrada. Portanto, não teria dificuldade de ficar com o Eduardo Riedel, abertamente, mas minha pré-candidata é a Giselle”, finalizou.

O deputado Pedro Kemp não atendeu as nossas tentativas de telefonema ao longo desta quinta-feira, para comentar a motivação de sua visita ao gabinete do governador.