19 de abril de 2024
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EDUCAÇÃO

SEMED quer que retorno às aulas presenciais aconteça antes de julho

Reunião de secretária na Câmara acontece cinco dias após publicação no Diogrande para que volta às aulas só aconteça depois do sétimo mês

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Ignora-se no Brasil o fato de que todos os estudantes não têm as mesmas condições, seja pela acessibilidade às escolas que estudam, o transporte público necessário para alguns alunos, além da falta de estrutura dentro dos lares de muitos para adotarem com facilidade um ensino remoto. Apesar do decreto oficial, publicado na última 5ª feira (04.fev.2021) no Diogrande, de que as aulas presenciais seguem suspensas até o dia 1º de julho, na Rede Municipal de Ensino, o desejo da Secretarial de Educação (SEMED) é a retomada das aulas presenciais até antes do mês de festividades julinas.

Na manhã de ontem (09.fev.2021) houve uma reunião, transmitida on-line e disponível no Youtube da Casa de Leis e Facebook, entre os vereadores da Câmara Municipal e a secretária municipal de Educação, Elza Fernandes. Como ressaltou o presidente da Casa de Leis, Carlão (PSB), a maioria dos parlamentares se posicionam contrários à volta às aulas sem antes ter a vacinação de todos os profissionais da educação contra a COVID19.

“Pedimos para que a Secretaria invista mais na tecnologia das aulas remotas, dando tablets às crianças que não tem condições. 99% da Câmara é a favor que permaneçam as aulas remotas devido a questão da pandemia. Precisamos dar segurança aos professores, aos administrativos da educação, aos pais e aos alunos”, afirmou o presidente da Câmara Municipal.

Elza Fernandes defende um retorno híbrido, de 40% ou 50% do total de alunos, e afirmou que a Secretaria está se organizando para um retorno antes de 1º de julho. Entre os problemas a serem resolvidos, para uma segurança de retomada das aulas, está essa questão do percentual de estudantes a retornarem, a dificuldade para retomar as aulas integrais e também o fato de que muitos alunos precisam do transporte público para chegar às instituições de ensino.

O QUE DIZEM OS VEREADORES

Valdir Gomes defendeu que “sem vacina, não pode ter volta às aulas”. Citando características das escolas e dos Emeis (antigos Ceinfs), onde as salas são pequenas e lotadas de crianças, acrescentou que “enquanto não tiver vacina e a pandemia parada, é loucura colocar criança e servidores em sala de aula para serem contaminadas”.

Marcos Tabosa destacou, antes do retorno presencial às salas de aula, a defesa da ACP e do Sisem pela imunização de administrativos da Educação, professores e outros profissionais. "Se juiz determinar, vamos recorrer judicialmente. Não tem o que se falar de volta às aulas sem vacinação. O Ministério Público vai se responsabilizar pelas vidas perdidas? Não estamos falando de volta às aulas, mas de vidas”, apontou.

Médico, Dr. Loester relatou sua preocupação para que com os professores não ocorra a tragédia que houve com as centenas de óbitos de profissionais da saúde, diante do trabalho que não poderia recuar.

Tiago Vargas ressaltou os critérios para diminuir propagação da doença, apontando como incabível colocar crianças no transporte público. "Temos outros canais para oferecer esse estudo”, afirmou.

Um dos representantes diretos da causa, o Professor Riverton, contrário à volta sem devida imunização, protocolou - em Brasília (DF) - pedido para vacinação dos profissionais de educação. Em sua defesa Silvio Pitu exaltou a importância do pedido feito pelo vereador Profº e o trabalho dos parlamentares presentes e participando da discussão.

Outro vereador professor, Juari pediu prudência no estudo de retorno das aulas, assim como Clodoilson Pires, para que os possíveis prejuízos sejam minimizados.

Ayrton Araújo do PT também considera que esse semestre as aulas ainda não devem retornar, pois precisa da vacina para a população. “Estamos aqui para defendermos o interesse da população. O MPE quer que retorne, mas é complicado”, disse através da assessoria da Casa de Leis.

Camila Jara acrescentou pedido de tablet e chips com internet para crianças, facilitando o acesso. A secretária esclareceu que havia necessidade de organização financeira e processo licitatório para essas aquisições.

Através da TV Reme (canal 4.2 da TV, e Youtube), Rádio Reme (aplicativo) e outros meios utilizados por professores e pelas unidades escolares (aplicativos de conversa com vídeos e áudios) as aulas estão sendo adequadas ao modelo remoto. Victor Rocha também demonstrou preocupação com as crianças que estão tendo dificuldade para acesso pela internet.

 Victor Rocha também demonstrou preocupação com as crianças que estão tendo dificuldade para acesso à internet nas aulas remotas. Do lado dos professores, Ronilço Guerreiro disse que recebeu muitas reclamações de profissionais que apontam depressão e ansiedade.

“Precisamos de um programa de saúde mental para os professores, porque, assim como os alunos, eles não estavam preparados para esse momento”, disse.

Contrário à voz ecoada pela Câmara, com exceção da ideia emitida pela secretária, Sandro Benites defendeu a volta às aulas. Em sua fala disse que não há crianças internadas em UTI com Covid-19 e argumentou que a criança somente transmite se tiver sintomas (FAKE NEWS). O vereador ainda comparou que o comércio, shopping e até mesmo a Casa de Leis estão funcionando.

Com a volta às aulas em diversas partes do mundo, em agosto de 2020 foram publicados dois estudos que mostram que menores não apenas apresentam uma carga surpreendentemente alta do Sars-Cov-2, como podem transmitir a doença por semanas, mesmo sem sintomas. É assertivo falar que crianças e jovens podem infectar outras pessoas. Também é certo que crianças e jovens infectados muitas vezes mostram poucos - ou nenhuns - sintomas da doença. E mesmo que a maioria das pessoas evite falar, também é claro que crianças e jovens também podem morrer ou sofrer com sequelas duradouras resultantes de uma infecção por Covid-19.