Há praticamente um mês foi instalada a Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Pandemia, para apurar ações e omissões do governo federal no combate à pandemia e também a utilização dos recursos da União enviados para Estados e municípios destinados ao combate da Covid-19.
Já foram 10 depoimentos em 30 dias de trabalho, sendo ouvido o atual ministro da Saúde (Marcelo Queiroga), assim como todos os "ex" da pasta, também representantes de empresas e instituições produtoras de vacinas.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que atua como vice-presidente da Comissão disse, em entrevista coletiva na 5ª feira (27.mai.2021), disse ser claro o funcionamento de um "gabinete paralelo" de enfrentamento à Covid-19.
Para o senador, o assessoramento ao governo federal segue uma estratégia diferente da estabelecida pela ciência e insiste no tratamento precoce, além de apostar na imunidade de rebanho.
"Temos mais de 80 milhões de doses de vacinas que poderiam ter sido aplicadas desde dezembro até agora. Isso significaria 40 milhões de brasileiros imunizados. Isso teria um peso enorme para conter a segunda onda da pandemia e salvar vidas", afirmou Randolfe, segundo Agência Senado.
Já o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) destacou o depoimento de ontem (27.mai.2021), como um dos maiores dias do funcionamento da comissão. Ele se posiciona alegando que o governo não adquiriu vacinas suficientes por não acreditar em sua eficácia.
"Não estamos apenas discutindo a eficácia da cloroquina ou do tratamento precoce. Queremos investigar se essas coisas foram priorizadas em detrimento da vacinação dos brasileiros. E isso poderia ter salvado muitas vidas", disse o senador.
Durante coletiva o senador Humberto Costa classificou o depoimento de Dimas Covas como "demolidor" para o governo. Posteriomente avaliou a fala do diretor do Butantantan, aliada à de Sérgio Murilo (presidente da Pfizer) como duas declarações que evidenciam a omissão e descaso em relação à compra de vacinas.
ALIADOS DO GOVERNO
Marcos Rogério (DEM-RO) - à esquerda da foto - levantou, durante coletiva, a acusação de que a CPI estaria contaminada pelo "vírus do pré-julgamento e da politicagem". O senador, que é um dos blindadores da imagem de Bolsonaro, luta para desviar o foco da Comissão também para governadores e prefeitos e inverte termos para colocar o presidente como injustiçado e "vítima".
"Eles não querem saber a verdade. Eles já têm debaixo do braço uma sentença pronta, desde o início", protestou ele que.
Em suas críticas, nas quais tenta destorcer as posições, usou o argumento de que a CPI "deve uma resposta à sociedade sobre as denúncias de desvio de verbas".
"Há claramente um movimento de blindagem em relação a esses gestores estaduais, que são apontados como suspeitos de contratos fictícios, superfaturamento nas compras sem licitação, suspeitos de prática de crimes de corrupção", apontou Marcos Rogério em denúncia, fazendo questão de frisar que “má gestão também mata”.
Enquanto o outro defensor das ações do presidente, o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS), defende ainda o tratamento precoce. Segundo ele, os governos do estado do Amapá e do município de Porto Feliz (SP) adotaram a medida e apresentaram baixos índices de letalidade de covid-19.
CHECAGEM DE FATOS
Segundo a primeira agência (LUPA) do setor de checagem de fatos do Brasil, é verdadeira a afirmação de que o Amapá fez tratamento precoce, entretanto é falso que o Estado apresentava uma das menores taxas de letalidade do mundo.
Esses dois pontos foram colocados juntos em uma publicação (que até 13h30 do dia 25 de janeiro de 2021, tinha 143 compartilhamentos) e apresentava um print do boletim sobre casos da doença no Estado, dizendo que o índice era pelo fato da realização do "tratamento precoce".
Confira abaixo os detalhes da checagem clicando aqui.
