28 de março de 2024
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Suicídio entre índios em MS em 2013 é o maior em 28 anos

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Boletim divulgado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), braço da Igreja Católica, aponta que 73 índios se suicidaram em Mato Grosso do Sul em 2013, o maior registro já feito em 28 anos. Os dados, apurados pelo Distrito Sanitário Especial Indígena, constam no Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, a ser divulgado pelo Cimi em junho e antecipado, em parte, na sexta-feira (23). Entre os motivos apontados para as causas dos suicídios estão a falta de perspectiva com relação a trabalho, respeito às culturas indígenas e de terra para plantar e viver, informa o Cimi. Dentre os casos de suicídio, estão o ocorrido em 3 de abril numa aldeia guarani-kaiowá localizada no sul de Mato Grosso do Sul. Uma menina que um dia antes havia completado 13 anos amarrou um lençol numa árvore e depois no pescoço. Uma semana antes, um primo dela de 12 anos também tinha se enforcado. Poucos dias após a morte da garota, foi a vez de um adolescente de 16 anos da mesma aldeia morrer de forma igual. De acordo com o Cimi, dos 73 indígenas mortos no Mato Grosso do Sul em 2013, 72 são guarani-kaiowá, a maioria com idade entre 15 e 30 anos. MORTOS POR DENTRO Uma liderança indígena relatou ao Cimi que os jovens "escolhem morrer porque na verdade já estão mortos por dentro". De 1986 a 1997, foram registradas 244 mortes por suicídio entre os guarani-kaiowá de MS, número que praticamente triplicou na última década, de acordo com o Cimi. De 2000 a 2013 foram 684 casos. Segundo o Ministério da Justiça, a população indígena do Mato Grosso do Sul é a segunda maior do Brasil, com cerca de 70 mil indivíduos. No Estado há várias áreas que pleiteadas por indígenas como territórios tradicionais, o que faz os conflitos agrários na região serem corriqueiros. Segundo a Acrissul (Associação de Criadores do Mato Grosso do Sul), há cerca de 80 propriedades invadidas pelos indígenas. O Ministério da Justiça anunciou, em fevereiro deste ano, que estudará o arrendamento de áreas que os índios desejam. A ideia é pagar os proprietários das terras e depois transformá-las em área indígena. Não foi divulgado prazo para finalização dos estudos. Folha de São Paulo