28 de março de 2024
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ELEIÇÕES 2020 | CAMPO GRANDE

Vitória com sobras no 1º turno pode ser um passaporte para 2022

Resultado é visto como resposta das urnas a quem optou por fazer campanha com prefeito na alça de mira

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A reeleição de Marquinhos Trad (PSD) não pode ser vista como uma simples vitória. Quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encerrou a contagem de votos de Campo Grande, os meios políticos de Mato Grosso do Sul imediatamente passaram a fazer inevitáveis projeções sobre os desdobramentos deste pleito, menos pelo triunfo já previsível e muito mais pelo tamanho da dianteira aplicada pelo prefeito pessedista sobre seus 14 concorrentes.

Além de dispensar o segundo turno, o resultado das urnas foi uma demonstração incontestável da impressionante popularidade de Marquinhos. Num contexto em que a pandemia da Covid 19 serve de incentivo para a abstenção eleitoral - e muita gente não foi mesmo às urnas -, ele teve 218.418 votos (52,58% dos válidos), deixando na poeira os outros rivais, a começar pelo que diziam ser a ficha certa para o segundo turno, o promotor Sérgio Harfouche (Avante), que ficou com modestíssimos 48.094 votos, ou 11,58% dos válidos.

Não escapou aos observadores um dos detalhes mais significativos do processo sucessório e dos números apresentados pelas urnas: numa disputa pulverizada, Marquinhos Trad foi o alvo principal do fogo intenso de todos os adversários. E os que mais se empenharam em atacá-lo com a intenção de capitalizar descontentamentos e desqualificar um gestor muito bem avaliado pela sociedade acabaram sendo rechaçados vigorosamente.

Votações como as de Harfouche e Vinícius Siqueira (PSL)- 8,20% dos votos - foram ridículas, em relação à amplitude com que pretendiam espraiar a adesão popular ao denuncismo de seus palanques eletrônicos. E esse pífio desempenho de sufrágios não pode ser creditado somente ao tamanho eleitoral de cada um. Houve muito de reação popular à forma e ao conteúdo dos ataques a um prefeito que desde o início de gestão trabalha com altas taxas de aprovação.  

VESPERAL

A soma dos votos de todos os 14 rivais não ameaçou a vitória do prefeito. E por essa diferença abismal as cabeças pensantes da política já tratam da eleição de Campo Grande como um experimento vesperal para a disputa governamental de 2022. E não deixam de considerar que o dilatado placar pode ser o passaporte ao vencedor para embarcar nessa viagem de dois anos. Marquinhos Trad não conversa sobre isso e sai da roda se alguém puxar o assunto. Contudo, o amanhã é outra história e ele, um de seus principais protagonistas, não tem como excluir-se dela.

É corrente no imaginário dos dirigentes e estrategistas que, em princípio, o PSDB saia na frente da corrida sucessória estadual. A sigla tem o controle territorial na relação de forças político-administrativas na larga maioria dos 79 municípios, especialmente após a conquista de 39 prefeituras pelos candidatos tucanos e outras 25 por partidos da base de sustentação do governador Reinaldo Azambuja.

Entre os aliados está o DEM do vice-governador Murilo Zauith, da ministra Tereza Cristina e do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, primo de Marquinhos Trad. Com quem ficará o DEM daqui a dois anos é difícil saber, entretanto em 2020 os democratas ficaram com a reeleição de Trad e para isso deixaram de trabalhar candidatura própria na Capital.

INTERROGAÇÃO

Outro ponto de interrogação no mosaico é o próximo passo do senador Nelsinho Trad (PSD), irmão de Marquinhos e até aqui vestido com o uniforme de pré-candidato a governador. Seus irmãos Marquinhos e o deputado federal Fábio Trad (PSD) não põem os seus rabiscos nesse desenho. Por enquanto. Comedido, o prefeito afirma, com um neologismo objetivo, que quer somente "prefeitar". Tem pela frente mais quatro anos. Ou mais dois. Vai depender do cenário que suas próprias mãos podem traçar.

O PSDB tem duas opções competitivas para carimbar a preferência de Azambuja na luta para sucedê-lo: o secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, e a deputada federal Rose Modesto. Em tese, resta ainda um ano inteiro, o próximo, para que Azambuja e seus liderados decidam o que fazer quando chegar a hora de decidir.

Uma aliança com o PSD e o DEM seria poderosíssima e difícil de derrotar em 2022.  Para isso acontecer será necessário fundir quatro projetos e quatro nomes (Riedel, Rose, Nelsinho e Marquinhos), formando um único e encorpado mecanismos de enfrentamento político e eleitoral. Caso contrário, restaria ao PSDB buscar outra conversa com esses dois partidos e inverter os papéis na aliança.