Bolsonaristas utilizaram um grupo feito pelo Ministério da Saúde para receber perguntas de jornalistas durante a coletiva de imprensa da pasta para capturar números de telefone e divulgar a página "Bolsolteiros", destinada a eleitores do presidente Jair Bolsonaro em busca de um relacionamento amoroso.
"VOTOU NO BOLSONARO? TÁ SOLTEIRO? ENTRE NO BOLSOLTEIROS", dizia a mensagem disparada por uma das integrantes do grupo a uma jornalista do GLOBO.
A reportagem entrou em contato com o número que enviou a mensagem, cuja dona é Elaine Souza, uma das criadoras do "Bolsolteiros", e que estava no grupo da coletiva do ministério. Ao GLOBO, Elaine relatou que o link do grupo da coletiva, destinado a jornalistas, chegou a ela por meio de um canal que o Ministério da Saúde mantém no Telegram.
— Não (sei quem me adicionou no grupo). Vou até sair desse grupo. Vi uma colega minha lá, acredito que tenha sido ela que me colocou. Ela também não é jornalista. Esse link do grupo foi divulgado no Telegram, e foi para várias pessoas. Várias pessoas estão entrando — disse, questionada se a lista do Telegram era destinada a bolsonaristas, ela explicou que se trata do canal oficial do próprio Ministério. — O próprio Ministério da Saúde. E isso está sendo divulgado. Não acho até legal, é complicado, porque pode entrar um monte de gente que não tem nada a ver.
Segundo Elaine, ela deve ter sido adicionada no grupo da imprensa por engano, mas aproveitou para fazer propaganda do "Bolsolteiros". A página está em funcionamento desde quando o presidente foi eleito e, de acordo com ela, já reúne mais de 7 mil pessoas no Facebook.
— Deve ter sido por engano (que enviei a mensagem), com certeza. É um grupo de bolsonaristas solteiros que foi feito logo que o presidente ganhou e está funcionando até hoje — afirmou. — Eu não sou jornalista, me botaram nesse grupo, eu nem sou. Mandei para algumas pessoas essa mensagem, e as pessoas vão entrando no grupo, alguns entram em contato para fazer matéria.
O GLOBO questionou o Ministério da Saúde sobre o ocorrido, mas a pasta ainda não respondeu.
FONTE: O GLOBO.