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CONSELHO DE QUÍMICA

Explosão em Beirute: alerta 215 terminais portuários no Brasil, diz Conselho

Manipulação, transporte e armazenamento de produtos químicos com potencial de explosão

Imagem feita por drone mostra a local da explosão no porto de Beirute, no Líbano, nesta quarta-feira (5) - Hussein Malla/AP

O Conselho Federal de Química do Brasil enviou Nota à Imprensa nesta 6ª-feira (7.agosto ), em que comentou o que chamou de "Incidênte no Líbano - com Nitrato de Amônio". Uma megaexplosão em um armazém na região do porto de Beirute, capital do Líbano, que deixou mais de 150 mortos e cerca de 4 mil feridos, ocorrido na 3ª-feira (4.agosto). O presidente do Líbano, Michel Aoun, disse nesta sexta (7) que foi aberta investigação sobre as causas da megaexplosão. 

Vários bairros de Beirute tiveram danos em casas e prédios, e dezenas de milhares de pessoas ficaram desabrigadas. O governo estima que as perdas podem chegar a US$ 15 bilhões (cerca de R$ 80 bilhões). A investigação apura também, se a explosão pode ter sido provocada por um projétil. 

Em Nota, o Coselho solidarizou-se com as famílias das vítimas da explosão e alertou terminais portuários brasileiros que manipulam e armazenam produtos químicos. "É realmente uma situação muito triste e que não passa despercebida. Prestamos nossa solidariedade ao povo libanês e aos brasileiros cujas famílias tenham sido afetadas", introduziu a Nota.

Conforme a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), no Brasil temos 215 terminais portuários, por onde passam e são armazenadas cargas diversas, inclusive produtos químicos. Se somados os terminais terrestres e aeroportos, o número de pontos de risco cresce ainda mais. "Mas não se deve temer, é preciso exigir o controle adequado desses pontos e que esse controle seja realizado por profissionais da Química que além da sua competência técnica estão legalmente habilitados para exercer essas atividades nos termos da alínea e, item IV do art. 2º do Decreto 85.877/81", esclareceu.

De acordo com o documento, a explosão e toda a devastação provocada aceleraram a preocupação quanto aos riscos envolvidos no armazenamento de produtos químicos. 

"Considerando a responsabilidade pública do Sistema CFQ/CRQs de proteger a sociedade brasileira, vimos reforçar a importância do envolvimento do profissional da Química no armazenamento de produtos químicos, especialmente os perigosos, por apresentarem potencial risco à saúde humana, ao meio ambiente e/ou às propriedades públicas ou privadas. Alguns desses exemplos são as substâncias ou produtos oxidantes, corrosivos, tóxicos, infectantes, explosivos e inflamáveis, dentre outros", disse. 

Ainda de acordo com a nota, a Química está em tudo. "E ela é linda, mas assim como gera vida e tem a capacidade de fazê-la melhor, também pode destruí-la. O que separa essas duas possibilidades é, basicamente, o conhecimento das espécies químicas envolvidas e o controle das condições do meio", alertou. 

O Conselho deu dicas para o correto e devido armazenamento dos produtos químicos. "É preciso conhecer a natureza química dos compostos, suas propriedades físico-químicas, a reatividade, as compatibilidades e incompatibilidades. Além disso, também devem ser controladas as condições de temperatura, pressão e umidade do local. Não se pode ignorar os riscos, por menores que possam parecer", explicou. 

Em Beirute, as informações divulgadas pela imprensa e pelas autoridades do Líbano dizem que o galpão onde a explosão aconteceu armazenava mais de 2,7 mil toneladas de nitrato de amônio. "Esse é um composto relativamente estável, utilizado principalmente como fertilizantes, entretanto, possui capacidade explosiva, por isso é empregado na fabricação de detonadores e necessita ser armazenado em condições controladas", reforçou. 

O Conselho explica que sem um gatilho, como uma faísca, fogo, cordel ou espoleta, o composto não é detonado. São necessárias temperaturas muito elevadas para que uma reação explosiva aconteça. 

No Brasil, existem legislações específicas para o armazenamento de explosivos, com determinações que precisam ser seguidas para que a segurança seja garantida.

"Apenas um profissional com capacitação técnica adequada pode identificar todos os fatores envolvidos, analisá-los e gerenciá-los, garantindo que sejam realizados todos os procedimentos de segurança. São os profissionais da Química que em sua formação adquirem as habilidades e as competências necessárias ao desempenho dessas atividades", orientou.  
O documento ainda explica que é fundamental que os profissionais da Química estejam presentes em todas as etapas envolvidas no armazenamento e no transporte de produtos químicos, seja ele terrestre, aéreo ou aquaviário (neste último se incluem os portos).

Ao final da Nota, o Conselho solicita que a sociedade cobre a presença de profissionais qualificados e ajude na fiscalização, denunciando quando identificarem sua ausência.