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"SAIA JUSTA"

"Abusam da liberdade de expressão para propagar o ódio", diz Fux sobre presidente do TJ-MS

Fux criticou o discurso negacionista e disse que ciência vencerá obscurantismo na pandemia

O Presidente Jair Bolsonaro participou, na manhã desta segunda-feira (1), da solenidade de abertura do Ano Judiciário 2021. O evento aconteceu no Supremo Tribunal Federal (STF). - Foto: Marcos Corrêa/PR

Na abertura do ano Judiciário nesta 2ª-feira (1.fev.21), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, afirmou que a corte tomou decisões corretas no "caos insondável" da pandemia da Covid-19.

Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que participou da solenidade, Fux também ressaltou que a ciência vencerá o coronavírus e que a "racionalidade vencerá o obscurantismo".

Além disso, o ministro criticou o discurso do presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS), desembargador Eduardo Contar, que minimizou a pandemia ao tomar posse no comando do tribunal estadual. O discurso foi compartilhado por Bolsonaro nas redes sociais. "Confesso que fiquei estarrecido com o pronunciamento de um presidente de tribunal de Justiça minimizando as dores desse flagelo", afirmou Fux.

Ao tomar posse no tribunal estadual, o magistrado afirmou que servidores públicos devem retornar ao trabalho, "pondo fim à esquizofrenia e à palhaçada midiática fúnebre", além de ter pregado "o desprezo ao picareta da ocasião que afirma 'fiquem em casa'", em referência ao isolamento social.

O presidente do Supremo defendeu que não se deve dar "ouvidos às vozes isoladas, algumas inclusive no âmbito do Poder Judiciário, que abusam da liberdade de expressão para propagar ódio, desprezo às vítimas e negacionismo científico".

Segundo o magistrado, é tempo valorizar "as vozes ponderadas".



— Não tenho dúvidas de que a ciência, que agora conta com a tão almejada vacina, vencerá o vírus; a prudência vencerá a perturbação; e a racionalidade vencerá o obscurantismo. Para tanto, não devemos dar ouvidos às vozes isoladas, algumas inclusive no âmbito do Poder Judiciário, confesso que fiquei estarrecido com a manifestação de um presidente de um tribunal de justiça menosprezando esse flagelo que abusam da liberdade de expressão para propagar ódio, desprezo às vítimas e negacionismo científico. É tempo valorizarmos as vozes ponderadas, confiantes e criativas que laboram diuturnamente, nas esferas públicas e privadas, para juntos vencermos essa batalha — disse Fux.

Em sua fala, Fux conclamou a união dentro e fora do tribunal, em nome da pacificação entre os poderes:

— Estamos todos do mesmo lado. A pandemia demonstrou o quão apequenadas são nossas divergências e o quão pontuais são nossas discordâncias, quando as comparamos com a grandeza de nossa missão: a de zelar pela força normativa da Constituição da República Federativa do Brasil. Debate não é sinônimo de combate; tampouco dissenso é sinônimo de discórdia _ disse, completando mais adiante: _ Quem vive este tribunal sabe que aqui não há senso de poder, mas decerto expressivo senso de dever.