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Festival Teatro Nosso mostra trabalho de atores com deficiência

A crença no poder transformador do teatro na vida das pessoas com deficiência levou a organização não governamental (ONG) Instituto Teatro Novo a realizar, a partir de hoje (18), a primeira edição do Festival Teatro Nosso. A ONG atua há mais de 20 anos, desenvolvendo atividades culturais com pessoas com deficiência intelectual em Niterói (RJ).  As peças serão transmitidas pelo Facebook (@GrupoTeatroNovo) e pelo YouTube (Instituto Teatro Novo). O evento será encerrado no próximo domingo (21), Dia Internacional da Síndrome de Down.

O Instituto Teatro Novo se originou da companhia Teatro Novo, formada por pessoas com deficiência, em especial autistas ou com Síndrome de Down que, na função de atores e produtores de cultura, influenciam o imaginário coletivo dos espectadores. Para o Festival Teatro Nosso, foram convidados projetos artísticos do estado do Rio de Janeiro que trabalham com arte inclusiva, para a programação online e os debates sobre o capacitismo (discriminação contra pessoas com alguma deficiência) no teatro das pessoas com deficiência. O festival conta com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Lei Aldir Blanc.

Transformação

Segundo o psicólogo Rubens Emerick Gripp, que dirige o Instituto Teatro Novo, "a inclusão da arte no dia a dia de pessoas com deficiência intelectual transforma a vida delas completamente". Gripp é especializado em psicologia clínica e educacional, com mestrado em ciência da arte pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

O psicólogo esclareceu que a criação de espetáculos com assuntos que não fazem parte do cotidiano das pessoas com deficiência, como meio ambiente e câncer, por exemplo, obriga-as a pensar e organizar o próprio pensamento. Outro ponto importante das atividades no grupo de teatro é a convivência com seus iguais. Isso faz com que eles aprendam a respeitar o outro, a esperar a vez, a viver em grupo, disse.

Para Gripp, o teatro traz muitos benefícios para a vida das pessoas e uma reflexão importante para a sociedade em relação às pessoas com deficiência. "As pessoas que não têm deficiência não costumam parar para ouvir e dar atenção aos deficientes, mas, assistindo a um espetáculo feito por eles, elas ouvem. Então, é uma mudança de eixo nas relações", observou.

Capacitismo

O festival será aberto com uma transmissão ao vivo pela internet, reunindo artistas em um painel temático sobre Capacitismo no Teatro, às 20h, no Facebook, Instagram e YouTube do Instituto Teatro Novo. Amanhã (19), às 20h, o Grupo de Teatro do Oprimido Pirei na Cena, coletivo teatral oriundo do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, em Niterói, apresentará o espetáculo Doidinho para trabalhar. O tema aborda a questão do mercado de trabalho para o usuário de saúde mental.

No dia 20, às 20h, será a vez do grupo Corpo Tátil, coletivo teatral que surgiu no Instituto Benjamin Constant, instituição de ensino para deficientes visuais situada no Rio de Janeiro, com a encenação da peça Dá um tempo pra falar de tempo.

O grupo Teatro Novo encerra o festival no dia 21, às 19h, com a apresentação da peça O câncer, a pessoa e o remédio. Todas as apresentações serão gravadas sem público, no Teatro Municipal de Niterói, respeitando os protocolos de segurança com relação à pandemia de covid-19. A programação é gratuita. As apresentações terão legendas e tradução em libras e ficarão disponíveis no Facebook e no canal do YouTube do Instituto Teatro Novo depois das transmissões online.

Festival Teatro Nosso, por Thiago Cortes/Direitos reservados