Economia
Coppe cria ferramenta que pode evitar congestionamento de redes
As operadoras de telecomunicações podem, a partir de agora, ter melhor aproveitamento da capacidade de tráfego de dados de suas redes se for adotado um modelo de otimização desenvolvido por pesquisadores do Grupo de Teleinformática e Automação (GTA), ligado ao Programa de Engenharia Elétrica do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
Segundo o professor Miguel Elias Campista, do GTA da Coppe/UFRJ, a nova ferramenta direciona de forma inteligente o tráfego de dados nas redes das operadoras, representando beneficio que se reflete também nos usuários das companhias, que contarão com serviços mais precisos e eficientes.
"O que a gente fez foi um modelo de otimização baseado em um conceito novo denominado roteamento por segmentos", disse Campista, em entrevista hoje (8) à Agência Brasil. Campista explicou que esse modelo tenta diminuir a quantidade de informações que cada equipamento de rede precisa armazenar, transferindo para a borda da rede (ponto inicial da transmissão), que tem mais capacidade de processamento.
SobrecargaO objetivo é aliviar a rede, isto é, evitar congestionamento de rede, quando o número de usuários que trafegam ao mesmo tempo supera a capacidade de uma determinada rota, gerando assim sobrecarga. Quando isso ocorre, as operadoras têm que reconfigurar a distribuição das informações por rotas alternativas de forma manual, ou por meio de ferramentas de planejamento off-line, o que pode ocasionar atrasos nas alterações necessárias à dinâmica do tráfego que passa na rede. "O modelo de otimização tem o objetivo de distribuir a carga pelos segmentos. Com isso, a gente evita congestionamento", salientou Campista.
Durante o trabalho, o grupo de pesquisadores se preocupou também com uma coisa chamada qualidade de serviço, que é medida através de métricas de atraso, por exemplo. "Se a gente conseguir que a rede atenda determinadas condições de capacidade, isso também tem reflexos para o usuário", afirmou Campista. O modelo de otimização do GTA da Coppe calcula e redistribui o fluxo de informações que trafegam pelas redes dos roteadores de núcleo (backbones) que já operam de forma segmentada, o que permite evitar congestionamentos que causem lentidãos, ou mesmo interrupções momentâneas.
O estudo desenvolvido no GTA da Coppe é baseado na tese defendida em 2019 por Antonio José Silvério, hoje pesquisador colaborador da instituição, e foi tema de artigo premiado no Simpósio Brasileiro de Telecomunicações e Processamento de Sinais (SBrT 2019). Além de Silvério, são autores do projeto, intitulado Modelo de Otimização para Engenharia de Tráfego usando Roteamento por Segmentos, os professores Miguel Elias Campista e Luís Henrique Costa, que foram seus orientadores, e o professor Rodrigo Couto. Na avaliação de Antonio Silvério, o grande diferencial da metodologia desenvolvida na Coppe é a eliminação dos atrasos nas transmissões ou sua redução para milissegundos, a partir da técnica de otimização.
Grandes demandasA tecnologia da Coppe pode resultar em melhor replanejamento das redes quando entram novos clientes ou são realizados eventos com grandes demandas, como Copa do Mundo, Olimpíada e Rock in Rio, por exemplo, que exigem a criação de estruturas específicas para a transmissão de dados.
A ferramenta desenvolvida teve resultados baseados em modelos teóricos com dados reais cedidos por uma operadora. O próximo passo será tornar o modelo mais sofisticado e fazer testes em ambiente real. "Esse é o nosso desejo", disse Campista, admitindo que jsso envolve a realização de novos testes na própria operadora, para ganhar escala, ou no laboratório do GTA, mas em escala reduzida.
O professor Luís Henrique Costa destacou ainda que o novo sistema permite configuração personalizada, de acordo com a necessidade do cliente, e com menor consumo de memória dos equipamentos roteadores. "Com o roteamento por segmentos, estrutura-se um modelo que além de reduzir tal consumo, possibilita estipular a melhor rota ou até compartilhar uma mesma via de transmissão, reaproveitando parte da configuração já existente. O modelo desenvolvido terá como fazer isso automaticamente", explicou Costa.
Edição: Nádia Franco