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Delegada aponta influência de Flordelis em assassinato de pastor

A delegada Bárbara Lomba Bueno, que iniciou as investigações do assassinato do pastor Anderson do Carmo, então marido da deputada Flordelis (PSD-RJ), declarou nesta terça-feira (13) que a parlamentar exercia influência sobre os envolvidos no crime, ocorrido em 2019.

"Todos tinham vínculo emocional forte com a deputada. As pessoas em cujos telefones foram encontradas provas eram influenciadas por Flordelis", disse. "Isso foi comprovado. Estavam sob influência direta dela", relatou a delegada. "Conseguimos saber com clareza que nada aconteceria dentro daquela casa sem o aval final da deputada."

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Bárbara Lomba Bueno: "Todos os envolvidos no crime tinham vínculo emocional forte com a deputada"

O depoimento de Bárbara Bueno foi dado em reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados sobre o pedido de cassação do mandato de Flordelis. Os integrantes do colegiado também ouviram o médico-legista Luiz Carlos Leal Prestes, que trabalhou como perito no caso e apontou para evidências de uma tentativa anterior de envenenamento da vítima.

Mandato
No depoimento, a delegada afirmou que a eleição de Flordelis foi o estopim para o assassinato de Anderson do Carmo. "O marco que decidiu que a vítima teria de morrer foi a assunção do mandato pela deputada federal", declarou Bárbara. "Anderson havia manifestado descontentamento com o chefe de gabinete da deputada, que tomava decisões à revelia dele."

Com base em provas encontradas nos celulares da família da deputada e no depoimento de Wagner Andrade Pimenta, filho de Flordelis conhecido como Misael, a delegada disse que havia "um cansaço" sobre a presença de Anderson do Carmo na vida cotidiana e profissional, além de relatos de insatisfação muito grande da parlamentar.

"A deputada não estava contente com o controle absoluto de tudo pela vítima. Havia uma insatisfação em relação ao comportamento do marido. Ela manifestava isso em sentido de reclamação", comentou Bárbara.

Pelas investigações, a delegada relatou que ninguém disse que a deputada deu uma ordem direta para o assassinato e não houve relatos de brigas entre Flordelis e Anderson do Carmo. "Tanto a vítima como a deputada se tratavam reciprocamente muito bem. Não havia ruídos diretos, explícitos. Nos dados da vítima, vimos que havia sempre publicamente uma preocupação em preservar a imagem da deputada."

A delegada também afirmou que Flordelis se envolveu em tentativas de direcionar e desviar o foco das investigações. Ela cita que o filho da deputada, Lucas de Souza, um dos envolvidos na execução do crime, foi assediado para trocar depoimento e dar outras versões, escrevendo uma carta. "Havia conversas diretas da deputada sobre a confecção dessa carta."

Envenenamento crônico
Em seu depoimento ao Conselho de Ética, o perito Luiz Carlos Leal Prestes apontou evidências sobre uma tentativa anterior de envenenamento de Anderson do Carmo. Segundo o médico, o pastor teve vários atendimentos médicos em curto período de tempo, no mesmo hospital, com os mesmos sintomas: dor abdominal, diarreia, vômitos e queixa de gosto metálico na boca.

"Tudo leva a crer que tenha havido envenenamento por arsênico", declarou. "Nas conversas dos celulares dos envolvidos, há pesquisa sobre veneno e como comprá-lo."

Prestes levantou a hipótese de uma tentativa de envenenamento crônico, com a colocação de pequenas doses de veneno na comida e na bebida, para que a vítima passasse mal e fosse levada ao hospital. O objetivo seria criar uma situação de patologia até que fosse aplicada uma dose maior que causasse a morte da vítima.

O perito disse que não tinha na época a tecnologia para detectar traços do veneno em uma possível exumação, uma vez que a suposta tentativa de envenenamento teria ocorrido um ano e meio antes da morte de Anderson do Carmo. "Não houve uma impregnação para se prolongar muito a presença do tóxico nos restos mortais", comentou. "O tóxico não permanece no organismo por muito tempo."

Questão de ordem
O depoimento de Bárbara Lomba Bueno ao Conselho de Ética havia sido iniciado em 30 de março, mas fora interrompido por causa do início da Ordem do Dia do Plenário. Respondendo a questão de ordem do relator do processo, deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu que o conselho pode prosseguir com suas atividades mesmo durante as votações em Plenário.

Reportagem - Francisco Brandão
Edição - Marcelo Oliveira

Fonte: Câmara dos Deputados Federais
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