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'FALSA HIERARQUIA' | EXÉRCITO

Comandante que livrou Pazuello de punição é condecorado por Jair Bolsonaro

Presidente deu honrarias à própria esposa, ao substituto de Ernesto Araújo, à Arthur Lira e outros, incluindo seis militares

General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira recebeu Grã-Cruz da Ordem do Mérito da Defesa - (Marcos Correa)

Na manhã de hoje (07.jun.2021), o Diário Oficial da União apresentou - após a cúlpula do Exército abolver Eduardo Pazuello - a condecoração do comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito da Defesa, dada também ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). 

Essa guerra de interesses, que desmoraliza a hierarquia do exército se estende desde que o general Eduardo Pazuello optou por participar de um evento político com o presidente, em 23 de maio, três dias após seu depoimento para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. 

Além deles, o presidente Jair Bolsonaro apresentou a condecoração de outros seis militares e da própria esposa. Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro recebeu o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito da Defesa. Também o substituto de Ernesto Araújo no Itamaraty, chanceler Carlos Alberto de Franco França e o genenral Luiz Carlos Gomes de Mattos, Presidente do Superior Tribunal Militar são outros agraciados

Ainda na última 5ª feira (03.jun.2021), o Exército Brasileiro comunicou a não punição, esperada para o general da ativa. O [antes acatado] Regimento Disciplinar do Exército proíbia que militares da ativas participassem publicamente de atos de cunho político-partidário, que teve Pazuello como exeção. Vale ressaltar que, além do ato de indisciplina, Pazuello desrespeitou protocolos sanitários contra o contágio do coronavírus,

"Acerca da participação do General de Divisão Eduardo Pazuello em evento realizado na Cidade do Rio de Janeiro, no dia 23 de maio de 2021, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Comandante do Exército analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general. Desta forma, não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do General Pazuello. Em consequência, arquivou-se o procedimento administrativo que havia sido instaurado", argumenta a nota assinada pelo Centro de Comunicação Social do Exército. 

Nas palavras do jornalista e escritor Ribamar Fonseca, depois de demitir o comando das Forças Armadas por não se alinharem em seu projeto de poder: "Bolsonaro agora humilha o comando do Exército, obrigando-o a engolir a indisciplina do general Pazuello, que participou – e até discursou – de ato político de apoio a ele, infringindo regulamento militar".

Vice-presidente, o general da reserva Hamilton Mourão (que já foi punido duas vezes por fazer declarações políticas) chegou a declarar que uma punição era adequada para Pazuello, sob risco de uma decisão contrária alimentar uma anarquia.

Hoje (07.jun.2021) pela manhã, entretanto, tratou o assunto como "página virada". “Já dei minha opinião como aquele estado entre a dúvida e a certeza, que vocês sabem disso. Eu não comento a decisão e, por disciplina intelectual, esse assunto é página virada e segue o baile”, argumentou o general na chegada ao Palácio do Planalto. 

** (Com informações BBC Brasil, Correio Braziliense e Brasil de Fato)