RETOMADA CPI PANDEMIA
Volta da CPI coloca governadores, prefeitos e Bolsonaro na mira da convocação
Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia tem quase 400 requerimentos em votação amanhã
Nessa semana voltam os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, que escancarou escândalos de propina e possíveis crimes cometidos pelo chefe do executivo federal, como por exemplo o de prevaricação.
De acordo com a Agência Senado, o primeiro depoimento no retorno das atividades será do reverendo Amilton, que acontece amanhã (03.ago.2021), que seria "intermediador" entre o governo federal e algumas empresas que se apresentavam como ofertantes de vacinas.
Amilton Gomes de Paula é presidente da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), e teria recebido, em fevereiro, autorização do próprio Ministério da Saúde para negociar 400 milhões de doses de vacinas contra a covid-19.
Prorrogada até o dia 05 de novembro, os trabalhos da CPI serão pautados pelos quase 400 requerimentos que serão votados amanhã (03.ago). Segundo a Agência Senado, os 386 requerimentos trazem pedidos de convocações, quebras de sigilos, informações e audiências públicas.
Nessas quase quatro centenas, 256 requerimentos apresentados são para ouvir ministros, governadores, prefeitos, secretários, servidores públicos, representantes de empresas privadas, especialistas em saúde e até o presidente Jair Bolsonaro, segundo o Senado.
Em entrevista à Julia Lindner, jornalista d'O Globo, o vice-presidente da Comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que, através da CPI, foram levantadas provas suficientes contra o presidente.
"Para nós da CPI, não tem dúvida o crime de prevaricação no caso da Covaxin. Esse crime não há dúvidas. O que nós estamos investigando é por que o presidente prevaricou. O senhor presidente, tendo recebido a notícia de um esquema de corrupção em curso no âmbito do Ministério da Saúde, não tomou providências. E também há outros crimes. Nós estamos procurando os liames entre os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico de influência e os demais", apontou.
Na lista de convocação encontram-se também os nomes de ministros, como Marcelo Queiroga (Saúde), Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Defesa), Onyx Lorenzoni (ex-secretário-geral da Presidência da República, recém-empossado ministro do Trabalho e da Previdência), Anderson Torres (Justiça), Carlos Alberto França (Relações Exteriores), Damares Alves (Direitos Humanos), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), João Roma (Cidadania) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo).
Três governadores também estão listados, entre os requerimentos, para serem convocados, sendo os representantes do estado de São Paulo (João Doria); Rio de Janeiro (Claudio Castro) e Bahia (Rui Costa). Também os prefeitos de cidades com mais de 500 mil habitantes onde a Polícia Federal e o Ministério Público Federal tenham investigado a ocorrência de crimes relacionados à pandemia, também podem ser convocados.
Ainda segundo a Agência Senado, outros 51 requerimentos pedem a transferência de sigilos bancário, fiscal, telefônico ou telemático de testemunhas ou investigados.
Já na 4ª feira (04.ago.2021), o sócio da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, deverá ser ouvido. Ele é apontado como negociante da Covaxin, a vacina produzida pelo laboratório indiano Barath Biotech
No dia seguinte (05.ago.2021), a CPI pretende ouvir Túlio Silveira, advogado da Precisa.