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"REDE DE MENTIRAS"

"Disseminador de Fake News", Facebook exclui live semanal de Bolsonaro

Rede é denunciada por ajudar a espalhar mentiras de Trump e apagou vídeo de Jair associando Aids à vacina contra Covid

Vídeo da última 5ª feira (21.out.2021) foi excluído três dias depois pelo Facebook - (Reprodução)

Transmitida na última 5ª feira (21.out.2021), o Facebook derrubou ontem (24.out.2021) a "live semanal" do atual presidente, em que Jair Bolsonaro lê uma suposta notícia de que "vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]". 

Atualmente, o vídeo não encontra-se disponível nem no Facebook nem no Instagram. “Nossas políticas não permitem alegações de que as vacinas de Covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas”, afirmou a empresa 

Essa é a primeira vez que a empressa derruba uma live em que o presidente dispara uma notícia falsa. Conforme apurou a repórter Renata Galf, da Folha de S.Paulo, até então o Facebook só havia derrubado um post de Bolsonaro relacionado à pandemia: um vídeo de março de 2020 em que ele citava o uso de cloroquina para o tratamento da doença e defendia o fim do isolamento social.

Bolsonaro defende que fake news "nem é crime"

Sobre a afirmação lida pelo presidente, médicos apontam que  associação entre o imunizante contra o coronavírus e a transmissão do HIV, o vírus da Aids, é falsa e inexistente, segundo a agência Folhapress.

Vale ressaltar que Bolsonaro violou a política do Facebook sobre Covid-19 ao menos 29 vezes até então, apenas em 2021, segundo aponta material da Folha publicado em março deste ano. Em 22 dos casos, isso ocorreu em suas lives às quintas-feiras.
 
DENÚNCIAS CONTRA FACEBOOK

Ainda no sábado (23.out.2021), o “The Facebook Papers” - consórcio de 17 organizações jornalísticas norte-americanas- publicou que há anos a rede social contribui para a disseminação de fake news.

Materiais publicados por veículos de comunicação como The News York Times, CNN e Washington Post apontam que a rede de Mark Zuckerberg amplificou a mobilização de grupos de extrema-direita que culminou na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro e deixou cinco mortos, segundo a Rede Brasil Atual de notícias. 

Estudo mostra avanço de fake news no Facebook a partir de 2015

Conforme o The New York Times, há anos funcionários avisam internamente sobre a desinformação e potencial risco de radicalizar os usuários da plataforma. Ainda que o Facebook culpe Trump pela disseminação de notícias falsas, vários funcionários acreditam que poderia ter sido feito mais para evitar a proliferação de fake news. 

Esse alerta partiu do estudo interno chamdo “Jornada de Carol para QAnon”. - Conforme explica o portal BBC News Brasil: 

"QAnon é uma teoria ampla e completamente infundada que diz que o presidente Trump está travando uma guerra secreta contra os pedófilos adoradores de Satanás do alto escalão do governo, do mundo empresarial e da imprensa".

Parte do departamente de pesquisas do Facebook, uma funcionária (que deixou a empresa em agosto de 2020) criou uma conta-teste se passando-se por uma “mãe conservadora” da Carolina do Norte e resolveu seguir páginas como Fox News e Sinclair Broadcasting. 

Esses são dois impérios midiáticos que controlam 294 estações de televisão e chega a cerca de 40% dos lares americanos com conteúdo de tom conservador. A partir disso, passou a receber sugestões para a pesquisadora seguir páginas e grupos relacionados ao QAnon. 

Segundo o The NY Times, a mesma funcionária criou outra conta-teste, simulando depois um perfil esquerdista. Com isso observou que os mesmos algoritmos do Facebook alimentavam o novo perfil com memes de “baixa qualidade” e desinformação política. 

Conforme a RBA, em seu pedido de demissão, divulgado pelo BuzzFeed News, a pesquisadora disse que o Facebook estava “conscientemente expondo os usuários a riscos de danos à integridade” e citou a lentidão da empresa em agir contra o QAnon como um dos motivos para sua saída. “Já sabemos há mais de um ano que nossos sistemas de recomendação podem levar os usuários rapidamente ao caminho de grupos e teorias de conspiração. Nesse meio tempo, o grupo extremista QAnon ganhou proeminência nacional, com candidatos ao Congresso”, escreveu.