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NACIONAL | VITÓRIA (ES)

Miguel foi espancado até a morte após "fake news" de estupro, diz Polícia

As ivestigações mostram que mulher inventou que homem era estuprador

Bruna (D), presa por envolvimento na morte de Miguel (E) Foto: Reprodução

Miguel Inácio Santos Filho, de 49 anos, morreu espancado em junho de 2021, no bairro Costa Dourada, em Vitória (ES). No último dia 22 de setembro, a polícia prendeu Bruna Hoffman, de 26 anos, e a mãe dela, Lucineia Pereira da Silva, de 50 anos. Elas são acusadas de serem as causadoras da morte de Miguel, que foi linchado por suposto estupro, que conforme a polícia divulgou nesta quinta (28.out.21), ele não cometeu.  

De acordo com o delegado Daniel Fortes, a vítima teria agendado um programa com Bruna, ocasiaão em que haviam combinado determinado valor, mas após o sexo houve um desentendimento quanto ao combinado, quando Bruna dizia que combinou uma quantia a mais do que a acordada. Miguel, então, teria pago o valor a mais e foi embora, tendo retornado mais tarde e arremessado uma pedra na janela da casa de Bruna, pedindo para ela sair para devolver a quantia. No entanto, quem estava na casa naquele momento era a mãe, Lucineia. 

Mãe e filha foram presas por envolvimento em morte de homem — Foto: Reprodução 

A polícia prendeu elas na Grande Jacaraípe e marcou uma coletiva à imprensa nesta quinta-feira (28) para narrar o caso. 

Segundo as investigações, Bruna chegou no momento em que o homem estava alterado e inventou que Miguel era estuprador, o que enfureceu a população da região. "Quando Bruna retorna, ele toma distância considerada. Ela pega uma madeira e vai em direção à vítima. Ele corre para fugir da Bruna e da mãe que estava com ela. Ela resolve gritar que ele era estuprador e teria mexido com duas crianças na região", relatou o delegado.

O delegado disse que, inflamados com o que ouviram de Bruna, os moradores seguraram a vítima e a espancaram até a morte. Apesar de saberem que era mentira, Bruna e Lucinéia participaram da sessão de espancamento. A mãe usou uma enxada e Bruna um pedaço de madeira. Outras pessoas deram pedradas levando Miguel a ficar desfigurado, e consequentemente ao óbito.  

"A vítima era trabalhador, inocente. Não tinha praticado nenhum estupro. A Bruna deixa bem claro em depoimento que só fez isso para que a população segurasse a vítima que ela não alcançaria. É mais um inocente que é morto por uma notícia falsa. A população não pode fazer justiça com as próprias mãos. Isso fica a cargo do estado por intermédio das polícias. Não se deixem levar pelo que é falado para fazer justiça", alertou o delegado.

Ainda de acordo com o delegado, Miguel era morador de Bairro das Laranjeiras. O delegado reforçou que Miguel não era estuprador. "Foi um desacordo comercial com a senhorita Bruna e esse desacordo levou a essa fala criminosa dela", completou.  

Em maio deste ano, no mesmo local, conhecido como "Serra", um idoso foi linchado por conta da informação falsa de que ele era estuprador. As investigações da polícia apontaram que a mentira foi inventada por uma ex.

Mãe e filha foram denunciadas pelo Ministério Público pela morte de Miguel e já são rés no processo. A reportagem busca contato com as defesas das presas.

A investigação continua e a polícia tenta agora identificar as outras pessoas que participaram do linchamento.