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DIA DE FINADOS | CAMPO GRANDE

Umbandistas enfrentam preconceito ao acender velas em cemitério

Ao visitar o túmulo dos irmãos, Pai de Santo levou grupo religioso

Da direita para a esquerda Sidiney Barbosa, de 23 anos, filho de Vovô Benedito, Daniel Costa, de 23, filho de Pai Joaquim, João Evandro Esquiavel, de 31, filho de pai Antônio e Daniellen Esquiável, de 26, filha de Vovó Francisca. Foto: Tero Queiroz

“A fé salva e não a religião”, introduz João Evandro Esquiavel, de 31 anos, Pai de Santo no terreiro Pai Antônio de Aruanda, no Bairro São Conrado, que esteve no Cemitério Santo Amaro na manhã desta terça (2.ou.21), Dia de Finados, para acender velas para dois de seus irmãos falecidos. João esteve no local vestido com as vestes da sua religião (Umbanda) e com ele estavam outros 13 umbandistas.

Esse é João Evandro Esquiavel, de 31 anos, pai de Santo no terreiro Pai Antônio de Aruanda. Foto: Tero Queiroz

Já na entrada do cemitério o grupo se deparou com um pastor que aos gritos passou a desferir palavras contra a Umbanda. “Ele nos viu e passou a dizer que não era coisa de Deus, falou que era o descaminho e todas essas coisas que os desconhecedores dizem sobre nossa religião”, explicou João.

Grupo de umbandistas entrando no Cemitério Santo Amaro. Foto: Tero Queiroz.  

O grupo formado por homens e mulheres disse que as pessoas passavam fazendo comentários maldosos, fazendo sinais e ligando eles a crenças negativas da religião. “Passam fazendo cruz, assim com os dedos. Falando para a gente ouvir mesmo coisa ruins, a fim de nos reprimir, dizendo que nossa religião não salva. O catolicismo não salva, o evangelismo não salva, qualquer outra religião não salva, e sim o que salva e a fé, e isso nós todos aqui temos muita, fé em Deus”, reforçou João. 

Todos os 13 integrantes, ao fundo ao Cruzeiro do Cemitério Santo Amaro. Foto: Tero Queiroz

Ao serem perguntados sobre o que levam para esse Dia de Finados, o Pai de Santo, pontuou. “Trazemos as velas que acendemos para iluminar o caminho, trazemos a pipoca e água, essas duas últimas servem ao santo que guiará essas pessoas ao caminho da luz”, explicou.

Grupo de umbandistas visitou as lápides dos irmãos de João, onde acenderam velas. Foto: Tero Queiroz

O nome do terreiro de João é em referência ao espírito que se manifesta como o preto velho chamado de Pai Antônio, que foi um escravo, também médico e que de acordo com a crença, em uma de suas encarnações foi a primeira entidade a pedir uma guia (colar) de trabalho, até hoje usado pelos membros, o colar é chamado de "Guia de Pai Antônio". Os membros da Tenda de João estavam todos usando os guias.  

Apesar das reações preconceituosas eles pretendem retornar em 2022. Foto: Tero Queiroz

Apesar da situação, segundo João, a prentensão do grupo é retornar ao cemitério novamente em 2022 no Dia dos Finados. "Se Deus quiser, se tudo der certo ano que vem estaremos aqui novamente nesta data, para ajudar os nossos a encontrar o caminho da luz", finalizou João.