CINEMA | CULTURA
Com ator de MS, filme "Dois Bois" estreia on-line na 25ª Mostra de Tiradentes
Diretor celebra seleção do seu 1º curta-metragem para um dos maiores festivais de cinema do país; veja imagens inéditas
O curta-metragem de ficção “Dois Bois”, dirigido pelo mato-grossense Perseu Azul, estreia às 18h de 23 de janeiro na 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes. O público poderá assistir de casa, pois a mostra estará em uma versão on-line neste 2022.
O ator sul-mato-grossense Tero Queiroz está no elenco dando vida à “Miguel”, personagem que é irmão da protagonista “Joana” (Oz Ferreira). Na história, os dois são filhos de “João” (Antônio Alípio).
Apesar de estar estreando na direção de curta-metragem ficcional, Azul tem outros projetos de ficção sendo comercializados. “Na verdade, minha carreira no audiovisual se construiu, no início, com conteúdo para internet, em sua maioria curtas documentais e clipes. Mais tarde, com o advento do FSA, conseguimos realizar duas séries para TV, uma documental de 5 episódios e uma comédia de 13 episódios, ambas, após atingirem abrangência nacional através das Tvs Públicas, especialmente a TV Brasil e a TV Cultura, estão agora disponíveis em plataformas de VoD, a ficcional, chamada Insustentáveis, está na Amazon Prime Vídeo, a documental, O Muro, está na Amazon e no Itaú Cultural Play”, comentou Azul.
Conhecido por suas produções em grande parte no gênero do cinema documental, Azul comentou o gosto. “Pois vejo nele a possibilidade de conhecer gente” ... Ele, porém, disse ser puxado para a ficção. “Me puxa, pois, com ela posso recortar e misturar essa gente e, se a sorte me encontrar trabalhando, por vezes até fazer uma mistura que se assemelha à gênese de gente”, metaforizou.
Ao falar da estética do filme, Perseu revelou que ambienta a história ficcional no gênero faroeste. “O filme é um faroeste, marcado por câmeras fixas, movimentos simples e quadros abertos que capturam a vastidão do Pantanal, fotografia dirigida por Renato Ogata”, resumiu.
Para chegar a esse resultado, Perseu explicou que contou com a arte, minimalista, repleta de signos regionais, dirigida por Heitor Gomes. “Para a direção de som, contei com Matheus Lazarin, que nos ajudou a ouvir o Pantanal e trazer a atmosfera da fauna e sons geológicos para cada cena. A trilha sonora foi composta pelo maestro Murilo Alves, que além de excelente musicista é um grande pesquisador dos sons do bioma onde gravamos”, destacou.
AS GRAVAÇÕES
O curta-metragem foi gravado em uma pousada há 50km de Poconé (MT), na Transpantaneira. O local, muito visitado por turistas, foi ocupado por uma equipe de 23 pessoas, incluindo elenco e equipe técnica.
Azul disse que o bioma se mexe inteiro e aprender a lidar com isso é essencial para o êxito do projeto. “É preciso aprender a lidar com os bichos, não só os jacarés, bandos de pássaros e cobras, mas também, e principalmente, com os insetos, como os carrapatos, além de todos os tipos de muriçocas, piuns, pernilongos, mutucas e borrachudos”, lembrou.
Quando perguntado se está feliz com o resultado do projeto, Perseu se esquiva. “(sic) Eu prefiro deixar a alegria quanto ao resultado artístico e narrativo pro público avaliar. O que me alegra pessoalmente, é ter conseguido realizar essa obra com pessoas pelas quais eu desenvolvi e/ou aprofundei minha relação de respeito profissional e amizade”. Ele acrescenta que apesar de ter filmado “Dois Bois” em meio a pandemia, todas as medidas de segurança foram adotadas. “Também me alegra o fato de termos realizado a obra sem nenhuma ocorrência de covid-19 ou outra enfermidade, assim como sem acidentes e desentendimentos de nível pessoal”, concluiu.
O diretor acredita que “Dois Bois" é, esteticamente, bebe de muitas fontes. “Acredito ter conseguido investir tempo suficiente para dar-lhe uma identidade autoral, que bebe em diversas fontes, claro, mas que também verte de mim”, opinou.
Veja íntegra da equipe de "Dois Bois", exceto o elenco (citado acima):
Roteiro: Perseu Azul e Pedro Leite; Empresa produtora: Cérberos Filmes; Produção executiva: Daniel Calil Cançado; Direção de produção: Sara Alves; Montagem: Danilo Daher; Fotografia: Renato Ogata; Direção de arte: Heitor Gomes; Direção de som e Mixagem: Matheus Lazarin; Trilha sonora: Murilo Alves; Som direto: Paulo Monarco; Edição de som: Matheus Lazarin e João Ises; Cenografia: Ginovan Lima; Figurino: Maria Reis.O filme foi financiado com recursos da Lei Aldir Blanc. Azul lembrou que a produção de cinema autoral está aquecida, muito, ou totalmente, em virtude da Lei Aldir Blanc. “No entanto, é preciso ressaltar que o Mato Grosso tem realizado um ótimo trabalho mantendo uma continuidade dos investimentos em audiovisual, diversificando as linhas dentro dos limites impostos pelo curto orçamento destinado à Cultura. Minha crítica é: faltam investimentos privados e retornos sociais do setor mais rico do estado, o agronegócio”, cobrou.
Quem assistir "Dois Bois" verá é um filme que mistura intimidade, contemplação e vingança. "Com os clássicos duelos de faroeste e o improviso bem executado do cinema de guerrilha organizada", finalizou.