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MÚSICA | BRASIL

Ouça: Bezerra da Silva, atemporal com o "Pastor Trambiqueiro"

"Não é fé que ele tem, é simplesmente a febre do ouro..."

Reprodução/Divulgação

O cantor José Bezerra da Silva, o Bezerra da Silva, é o nome da música atemporal "Pastor Trambiqueiro", que é destaque neste final de semana no MS Notícias. Ele faleceu em 17 de janeiro de 2005, no Rio de Janeiro, aos 77 anos. 

Bezerra foi um pernambucano de Recife, nascido em 23 de fevereiro de 1927. Ele chegou ao Rio de Janeiro com 15 anos de idade, depois de ser expulso da Marinha Mercante. Na época, o artista procurava o pai, Alexandrino Bezerra da Silva, que largou a mulher, Hercília Pereira da Silva, ainda grávida no Norte. Com a roupa do corpo, e após longa viagem em navio cargueiro, fez da obra da construção civil, onde trabalhou como pintor, no Centro do Rio, o seu endereço residencial, até se estabelecer no Morro do Cantagalo, na Zona Sul, quando conheceu uma namorada.

Em suas letras musicais incorporou as desigualdades sociais, econômicas e culturais mantidas pelas forças da elite brasileira. Entre as denúncias que fez, destacamos a letra de "Pastor Trambiqueiro", que se faz ainda mais atemporal em 2022, quando pastores ocupam cargos de destaque no governo Federal e protagonizam escândalos no Ministério da Educação, no governo de Jair Bolsonaro (PL).   

Diante disso, a Polícia Federal (PF) abriu na quinta-feira (24.mar.2022) um inquérito para apurar supostas irregularidades envolvendo repasses de verbas do Ministério da Educação (MEC). A investigação será tocada pela Superintendência Regional do Distrito Federal. 

A letra de Bezerra dava o alerta: "Cuidado com ele, de terno e gravata bancando o decente// É o diabo vivo em figura de gente//É o pastor trambiqueiro enganando inocentes".  

E seguia mostrando como agiam os pastores trambiqueiros da época: "Prestem bem atenção, o enredo macabro que ele arruma//Seu critério maior é falar mal da macumba//Dizendo que à ela também pertenceu//". E completava: "Sim, mas só não foi em frente porque a chefe do terreiro é a Vera//Não aceitou o jogo sujo da fera que vive afim só de arrumação//Ele também não explica o porque da mudança da água pro vinho//Só porque não umbanda não vale dinheiro, resolveu ser crente pra roubar os irmãozinhos", denunciava. E entrava para o pré-refrão: "Não é fé que ele tem//É simplesmente a febre do ouro// Custa caro a palavra de Deus//O pastor chega pobre e arruma tesouro". E por fim o refrão: "Cuidado com ele//De terno e gravata bancando o decente// É o diabo vivo em figura de gente é o pastor trambiqueiro enganando inocentes". 

Essa música de Bezerra é de 1989, integra o disco Partideiro da pesada, de 1991, que reúne “Aos donos da nação” e “Canudo de ouro”. Ouça: