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GUERRA | INTERNACIONAL

Rússia alerta Otan sobre risco de Guerra nuclear total

Moscou diz que Otan está provocando uma 'guerra por procuração'

Medvedev

A Rússia alertou esta quinta-feira (12.mai.22) que a ajuda militar ocidental à Ucrânia e os exercícios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) perto das suas fronteiras aumentam a probabilidade de um conflito direto e o risco de uma guerra nuclear total.

O alerta, feito pelo vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev, surgiu no dia em que o Presidente e a primeira-ministra finlandeses divulgaram o seu apoio à adesão da Finlândia à Otan.  

Medvedev não mencionou a possibilidade de a Finlândia e a Suécia poderem aderir à Organização, mas acusa os países da Aliança Atlântica de estarem a aumentar o risco de uma guerra total com o seu apoio militar à Ucrânia na guerra com a Rússia.

"Os países da Otan a fornecer armas à Ucrânia, a treinar as suas tropas para utilizar equipamento ocidental, a enviar mercenários e os exercícios por países da Aliança perto das nossas fronteiras aumentam a probabilidade de um conflito direto e aberto entre a Otan e a Rússia, em vez da 'guerra por procuração' que estão a travar", escreveu Medvedev na rede social Telegram.

No texto, citado pela agências russa TASS e espanhola EFE, Medvedev avisa que "um tal conflito tem sempre o risco de se transformar numa verdadeira guerra nuclear".

"Este será um cenário catastrófico para todos", disse o ex-Presidente (2008-2012) e ex-primeiro-ministro da Rússia (2012-2020).

Medvedev, um aliado do líder russo, Vladimir Putin, acusou ainda o Ocidente de cinismo e de colocar no "topo da agenda" internacional a "tese de que a Rússia assusta o mundo com um conflito nuclear".

Por isso, referiu, o Ocidente não deve enganar-se a si próprio ou os outros, mas "pensar nas possíveis consequências dos seus atos".

Medvedev reafirmou a acusação ao Ocidente de travar uma guerra por procuração contra a Rússia na Ucrânia, como já tinha feito quando criticou os Estados Unidos de estarem a fornecer ajuda militar "sem precedentes" a Kiev.

Além de sanções econômicas sem precedentes contra a Rússia, mais de 25 países, incluindo Portugal, já anunciaram o envio de material militar para a Ucrânia, num esforço conjunto para ajudar Kiev a resistir e a fazer recuar a invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro.

O objetivo de travar a expansão da Otan a leste foi um dos argumentos usados pela Rússia para invadir a Ucrânia.

Antes da invasão, a Rússia exigiu a proibição da entrada da Ucrânia na Otan e o recuo de tropas e armas da Aliança Atlântica para as posições de 1997, antes do alargamento a leste.

A guerra na Ucrânia levou, no entanto, a Finlândia e a Suécia a ponderar o abandono da sua neutralidade histórica para aderir formalmente à Otan. Os países nanicos estão com medo da gigante artilhaaria russa, por isso, vão buscar os EUA como aliados. O governo finlandêz tem apoio  de 80% da população para a medida.  

A Rússia já ameaçou que tal decisão pode vir a ter "efeitos políticos e militares" para a Suécia e para a Finlândia.

Uma adesão da Finlândia à Otan constituiria a maior alteração na política de defesa e de segurança do país nórdico desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando travou duas guerras contra a União Soviética.

Durante o período da Guerra Fria, a Finlândia ficou longe da Otan para evitar provocar a União Soviética, optando por permanecer como país neutro, mantendo boas relações com Moscou e com Washington.

Nas últimas semanas, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que a aliança militar acolheria a Finlândia e a Suécia - países com Forças Armadas "fortes e modernas" - "de braços abertos" e que esperava que o processo de adesão fosse rápido e tranquilo.