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BABADO FORTÍSSIMO

Do "tororó" de Anitta ao choro de Gustavo Lima, entenda a "CPI do Sertanejo"

Crítica de Zé Neto à cantora pop deu início a turbilhão nas redes sociais; Ministério Público investiga shows de Lima

Anitta e Zé Neto - Reprodução Instagram

Um dos temas que dominaram o debate nas redes sociais nos últimos dias no Brasil, a "CPI do Sertanejo" não é, ao menos por enquanto, uma Comissão Parlamentar de Inquérito de fato. Entretanto, as investigações iniciadas por Ministérios Públicos estaduais para apurar possíveis irregularidades em contratações de artistas por parte de administrações abalam o mercado da música no país. E tudo começou com uma crítica a uma tatuagem íntima da cantora Anitta, feita pelo sertanejo Zé Neto, que faz dupla com Cristiano.

Era 12 de maio quando a dupla fazia um show em Sorriso (MT). Entre uma música e outra, Zé Neto disparou: "Não dependemos de Lei Rouanet. Nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no 'toba' pra mostrar se a gente tá bem ou mal. A gente simplesmente vem aqui e canta". As imagens (e o áudio) viralizaram nas redes sociais, e abriram o debate: de um lado, os apoiadores do sertanejo. Do outro, os que foram defender a cantora.

Apesar da crítica à Lei Rouanet, um levantamento feito pelo UOL dois dias depois já mostrava que o show da própria dupla de Zé Neto custou R$ 400 mil aos cofres públicos. Com o dinheiro pago para outros shows no mesmo evento, o valor chegou a R$ 1 milhão, segundo o Portal da Transparência. 

Uma semana mais tarde, em show em Dourados (MS) no dia 19 de maio, Zé Neto voltou ao tema. Após parte do público puxar um coro ofendendo Anitta – em repercussão do debate que já estava em alta nas redes sociais, ele interrompeu a plateia e, em tom irônico, insinuou que quem o critica não conhece a realidade do país.

"Vamos rezar por essas pessoas e que Deus abra a mente delas e que elas entendam (...) Que venha um dia, que um dia só na vida, calce uma botina amarela, entre num curral cheio de b*sta para separar o gado, tirar um leite, 'passar peia' num bezerro. E ver que a vaca não dá leite, você tem que ir lá tirar. O leite que você compra na caixinha não vem bonitinho da caixinha, alguém tirou".

Outro nome entrou na polêmica no dia 21: o cantor Gusttavo Lima, quando realizou um show em Brasília. Em um intervalo de sua apresentação, um locutor fez um discurso questionável com críticas ao que entende ser "o comunismo" – que, para ele, é o oposto de "democracia". A fala do locutor inflamou ainda mais os ânimos polarizados nas redes, em especial entre os bolsonaristas que enxergam o fantasma do comunismo como um legítimo culpado para qualquer mazela, mesmo que não seja verdade. 

"Na vida é Deus, pátria, família e liberdade. Liberdade para pensar, liberdade para agir, liberdade para vencer, liberdade para conversar, liberdade para estar na internet, liberdade de expressão, liberdade de conquista. E a gente tem que conquistar essa p*rra. Porque o Brasil é nosso", bradou o locutor.

Mas em nota enviada dias depois à Folha de S. Paulo, a assessoria de Gusttavo Lima disse que o cantor não influenciou no discurso. "Respeitamos a posição política de todos, independentemente de partido e não vamos mais comentar o assunto", resumiu a nota.

Entretanto, o assunto voltaria a ser comentado, desta vez, pelo próprio cantor. Em live no Instagram na última segunda-feira (30), ele disse que as críticas estão fazendo com que ele esteja perto de "jogar a toalha", sem deixar claro o que isso quer dizer.