(RAFAEL TAVARES) SEBO NAS CANELAS
Deputado boquirroto aplica um drible na Justiça e foge de audiência
Com o mandato na corda bamba e já condenado por homofobia, bolsonarista Rafael Tavares inventa compromissos fora da cidade
Seu mandato está por um fio: na primeira instância foi cassado, por unanimidade, porque se elegeu violando a legislação eleitoral que obriga os partidos a cumprir a reserva de cota para candidaturas femininas. Outra sujeira em sua ficha é a condenação, em sentença da Justiça, para cumprir dois anos e quatro meses de cadeia (regime aberto) em virtude de comentários racistas, xenofóbicos, homofóbicos e de indução a crimes de discriminação.
Este é um pedaço do currículo do deputado estadual bolsonarista Rafael Tavares (PRTB). Ele foi o campeão de votos nas eleições de 2020, contudo só se sustenta no mandato por meio de apelações judiciais. E mais uma apelação está em curso, reforçada por truques que exibem sua vocação para fugir das responsabilidades e desprezo ao alcance do Poder Judiciário.
Tavares está respondendo a um processo de injúria e indenização por danos morais, movido pelo deputado federal Vander Loubet (PT). Mas não parece disposto a responder pelos seus atos e encarar a verdade, chance que teria se comparecesse à primeira audiência de conciliação preliminar que foi marcada para a quinta-feira, 28, pela juíza Eliane de Freitas Lima Vicente, titular da 10ª Vara do Juizado Especial Central.
Em sua alegação, Tavares argumenta que no dia da audiência estava cumprindo agendas em Brasília, uma com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outra com o ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral, na companhia do deputado federal Marcos Pollon (PL), também bolsonarista, classificando-a como "compromisso de última hora". Tavares havia viajado para a capital federal na segunda-feira, 25, quatro dias antes da audiência.
A alegação de Rafael Tavares foi formalizada por sua defesa junto à magistrada, que acolheu a solicitação e remarcou nova audiência, desta vez para 08 de fevereiro do próximo ano. Com isto, o deputado estadual ganha uma sobrevida de pelo menos cinco meses neste processo, enquanto fica à espera das decisões finais aos recursos que impetrou tentando escapar das sentenças que cassaram seu mandatro e o condenaram à prisão.
Além da prática da difamação e de outros crimes, como o racismo e a homofobia, a tentativa de fugir da acareação no Poder Judiciário não é uma novidade. Demonstra, em repetidas ocasiões, que atitudes criminosas fazem parte da técnica de afirmação política e midiática ancorada em ideologias e teses do modus operandi bolsonarista, como a desqualificação do regime democrático, a agressão às instituições e a demonização dos adversários, geralmente tratados como inimigos.
As ofensas de Tavares a Loubet aconteceram em julho de 2022. Em redes sociais ele comentou, à sua maneira, a notícia sobre um assalto à casa do petista, que acionou a Polícia. O bolsonarista gravou um vídeo com esta legenda: “Finalmente, o cachorro mijou no poste”. Entre outros ataques, Tavares ironizou ofensivamente o episódio, com estas frases: "Assaltante levou um… opa… assaltante não, vítima da sociedade. E também, ninguém invadiu nada não, apenas ocupou a casa do petista". "O assaltante, vítima da sociedade, levou celular do deputado federal, do PT, Vander Loubet. Mas não é o Lula que defende ladrões de celular?".
"A turma que defende a invasão de propriedade, roubo de celular e o fim da polícia teve a sua propriedade invadida, o seu celular roubado e teve que chamar a polícia para pedir ajuda. Como dizia o ditado: "ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”.
As demonstrações de coragem e de autoridade ética do deputado Rafael Tavares foram traduzidas ao sair do ambiente das responsabilidades e equiparam-se ao gesto de seu inspirador, Jair Bolsonaro, que após perder a eleição e confiar em vão num golpe de estado, fugiu covardemente do País logo que seu mandato expirou.
