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ATAQUE EM PARANHOS (MS)

Ex-candidato e filhos de fazendeiro vão a júri por mortes de professores

Ataque armado ocorreu em 2009, durante retomada da terra indígena Ypo'i

Reprodução

A Justiça Federal confirmou que cinco homens serão julgados pelo Tribunal do Júri pela morte dos professores indígenas Jenivaldo Vera e Rolindo Vera, da etnia Guarani Kaiowá, ocorrida em 2009, no município de Paranhos, na fronteira com o Paraguai.

A decisão foi da Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), que rejeitou o recurso apresentado pelos réus e manteve a sentença de pronúncia da 1ª Vara Federal de Ponta Porã. Os magistrados consideraram que há indícios suficientes de autoria e materialidade do crime para levar o caso a julgamento popular.

Segundo o Ministério Público Federal, os professores desapareceram após um ataque à fazenda São Luiz, reivindicada pelos Guarani Kaiowá como parte da terra indígena Ypo’i. O local havia sido ocupado por cerca de 50 indígenas nos dias 29 e 30 de outubro de 2009. No dia 31, homens armados invadiram o acampamento, atirando aleatoriamente contra o grupo. Jenivaldo Vera foi encontrado morto em um córrego, no dia 7 de novembro, com um tiro nas costas. O corpo de Rolindo Vera nunca foi localizado.

Os réus são Evaldo Luiz Nunes Escobar, Joanelse Tavares Pinheiro, Antônio Pereira, Fermino Aurélio Escobar Filho e Rui Evaldo Nunes Escobar. Três deles são filhos dos donos da fazenda e atuam no setor agropecuário.  Antônio era comerciante e Joanelse foi candidato a prefeito de Paranhos em 2004. A contar de 2009 a 2023, dois crimes prescreveram, sendo o disparo de arma de fogo e ocultação de cadáver, e outro denunciado, Moacir João Macedo, ex-vereador e ex-presidente do Sindicato Rural, morreu antes de ser julgado.

A defesa pediu a absolvição, alegando contradições na denúncia e falta de provas. No entanto, o TRF3 considerou provas documentais, laudos periciais e depoimentos que sustentam a acusação. A perícia apontou que Jenivaldo morreu por hemorragia aguda provocada por tiro no tórax. No caso de Rolindo, a conclusão da morte se baseia nos relatos de testemunhas.