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SOBERANIA!

Presidente Lula publica decreto contra a 'taxa bolsonaro' dos EUA

Birra de Trump para proteger aliados coloca os EUA em conflito comercial com parceiro de dois séculos

Presidente Lula reage em defesa da soberania brasileira contra ataque dos EUA. - Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Lula (PT), em defesa da soberania do país, publicou nesta 3ª feira (15.jul.25) o decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade Comercial (a íntegra), autorizando o Brasil a reagir com sanções comerciais contra países que adotem medidas unilaterais contra seus produtos.

A movimentação ocorre poucos dias após o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras — uma medida vista como retaliação disfarçada de proteção econômica.

A nova tarifa, que entra em vigor em 1º de agosto, não mira apenas o comércio: carrega peso político e traz implicações diretas para as relações bilaterais entre Brasília e Washington.

Nos bastidores diplomáticos, a decisão norte-americana é chamada de “Taxa Bolsonaro”, um apelido que escancara o pano de fundo da medida: o alinhamento ideológico de Trump com o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família, hoje sob investigação no Brasil.

Trump não esconde sua preferência por aliados no continente, e a imposição da tarifa surge em meio a pressões políticas para que o Brasil suavize ou reverta medidas contra figuras da extrema-direita.

Publicamente, a Casa Branca justifica a decisão como parte de um esforço para “proteger os empregos americanos” — uma retórica populista que ignora a relação comercial historicamente equilibrada entre os dois países.

O impacto é direto: o Brasil, terceiro maior exportador de aço e alumínio para os EUA, já sofria com uma tarifa de 10% sobre esses produtos. Agora, a elevação generalizada para 50% ameaça diversos setores da indústria nacional.

A resposta brasileira veio com a criação do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, que poderá aplicar sanções e suspensões de benefícios a países que violem acordos ou tentem interferir nas decisões soberanas do país.

Segundo o decreto, o comitê será presidido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com participação da Casa Civil, Fazenda e Relações Exteriores.

A Lei da Reciprocidade Comercial, aprovada em março pelo Congresso e sancionada por Lula em abril, permite que o Brasil reaja com medidas equivalentes a práticas consideradas abusivas, discriminatórias ou politicamente motivadas.

O governo brasileiro avalia que a nova tarifa viola normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e representa uma forma de punição política travestida de política comercial.

Embora o Itamaraty mantenha um tom moderado nas comunicações oficiais, nos bastidores há consenso de que a decisão de Trump carrega recado político e transformar o Brasil, um pais soberano, num puxadinho dos EUA interferindo na Instituição brasileira.

O decreto também abre caminho para o Brasil reagir a barreiras ambientais desproporcionais — outro expediente usado por países desenvolvidos para proteger seus mercados internos sob o pretexto da sustentabilidade.

Com a nova norma, o governo Lula sinaliza que não permitirá mais que interesses estrangeiros determinem os rumos da política econômica e comercial do país — nem mesmo quando esses interesses vêm disfarçados de "aliança".

A tarifa imposta por Trump soa além de um ataque ao aço ou ao agronegócio, é um gesto que fere a soberania brasileira. E, como tudo na era Trump, tem um preço: o Brasil decidiu que não vai mais pagá-lo calado.